A incrível carta escrita por Swiatek: «Eu nunca sonhei ser tenista. Esse era o sonho do meu pai»

Por Pedro Gonçalo Pinto - Janeiro 13, 2023

Iga Swiatek vive um autêntico sonho neste momento, ao ocupar o primeiro lugar do ranking WTA depois de uma temporada verdadeiramente inacreditável. No entanto, a polaca abriu o coração numa emotiva carta escrita para o The Players Tribune, na qual garante que ser tenista nem sempre foi o seu grande objetivo. Vale a pena ler.

SONHO DE SER TENISTA

Talvez pensem que ficava acordada toda à noite a sonhar ser tenista, mas não. A verdade é que o meu sonho era ser mais natural socialmente. Cheguei a ser tão introvertida que falar com pessoas era um desafio. Até aos 17 ou 18 anos custava-me olhar para as pessoas nos olhos. A minha história não é como a da maioria dos desportistas e não faz mal. Não fui o tipo de pessoa que se apaixonou na primeira vez que vi uma raquete. Eu nunca sonhei ser tenista. Esse era o sonho do meu pai. Havia muitos momentos em que eu não estava suficientemente motivada e lá estava o meu pai. Sempre acredito em mim e ensinou-me a ser profissional, algo que agora uso tanto no ténis como na vida.

MOMENTO DE VIRAGEM EM ROLAND GARROS SUB-18 AOS 15 ANOS

A sensação de estar rodeada de campeões como Rafa, Serena… Fui embora de Paris a pensar como trabalhar para ser ainda melhor. No entanto, jamais pensei que seria capaz de ganhar um Grand Slam. Não venho de um país com tradição tenística. Se fosse norte-americana talvez tivesse acredito mais em mim desde pequena porque tens muitos exemplos a seguir.

VENCER ROLAND GARROS

Depois de ganhar Roland Garros pela primeira vez, não achava que tinha mostrado o meu valor. Sentia que tinha acontecido por acidente, que tinha estado no sítio certo à hora certa. Em 2021, pensava que devia mostrar o meu valor. Ao princípio, foi horrível mentalmente. Queria jogar da mesma maneira que fiz em Paris, mas as condições eram diametralmente distintas. Também tinha um grande patrocinador pela primeira vez e não o queria desapontar. Foi algo em que tive de trabalhar.

MOMENTOS MAIS DUROS

A maior luta interna foi nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Chorei no court depois de perder em dois sets e senti que as pessoas me começaram a julgar. Em Guadalajara estava exausta e não sabia o que fazer. Sentia-me inútil no court e voltei a chorar. Preocupava-me com o que as pessoas pensavam de mim. Envergonhava-me de ter feito isso, não me tinha portado como uma campeã. Mas quando vi a retirada da Ash, senti que há uma forma diferente de fazer as coisas. Às vezes, a melhor solução é não querer saber de nada. Se há algum segredo para o meu êxito do ano passado, é dar-me a mim mesma a liberdade de não querer saber do que as pessoas pensam. Isso fez-me ganhar outro Grand Slam e chegar a número um.

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O ténis entrou na minha vida no momento em que comecei a jogar aos 7 anos. E a ligação com o jornalismo chegou no momento em que, ainda no primeiro ano de faculdade, me juntei ao Bola Amarela. O caminho seguiu com quase nove anos no Jornal Record, com o qual continuo a colaborar mesmo depois de sair no início de 2022, num percurso que teve um Mundial de futebol e vários Europeus. Um ano antes, deu-se o regresso ao Bola Amarela, sendo que sou comentador - de ténis, claro está - na Sport TV desde 2016. Jornalismo e ténis. Sempre juntos. Email: pedropinto@bolamarela.pt