Zverev e os problemas de saúde mental: «Senti um esgotamento total, não me divertia»

Por Nuno Chaves - Agosto 3, 2025

Alexander Zverev tem vivido um ano de muitas emoções e após a derrota em Wimbledon admitiu estar com problemas de saúde mental e sem motivação para competir.

O tenista alemão regressou à competição agora no ATP 1000 de Toronto e, em conversa com no podcast Nothing Major, confessou as dificuldades que está a viver esta temporada mas também deixou fortes críticas ao atual calendário do circuito mundial.

ANO PARA ESQUECER

Um ano terrível para mim, não posso dizer mais nada. Depois do Open da Austrália, senti-me completamente perdido em campo. Entrei naquela final convencido de que a ia vencer e ver o Sinner passar-me completamente por cima foi muito duro a nível mental. Cometi o erro de ir jogar para a Argentina apenas alguns dias depois, quando não estava preparado nem tinha motivação suficiente. Senti um esgotamento total, não me divertia em campo nem nos treinos, sentia que não fazia sentido jogar. Perdi jogos que não devia ter perdido. Cair na primeira ronda em Wimbledon e ter desistido de alguns torneios depois disso vai permitir-me encarar esta fase da temporada muito melhor. Acredito que vou jogar o meu melhor ténis no US Open.

CRÍTICAS AO CALENDÁRIO

Adorava poder gerir melhor o meu esforço, focar-me nos Grand Slams e jogar muito menos torneios, mas é impossível. Tens 8 torneios Masters 1000 obrigatórios, 4 torneios ATP 500 e os 4 Grand Slams. Isso já te obriga a competir durante 16 semanas — junta Monte Carlo, as ATP Finals, a Taça Davis… É impossível competir em menos de 20 torneios por ano e a maioria dura duas semanas. Os torneios favoritos de todos os jogadores e adeptos são Monte Carlo e Paris, por serem os únicos Masters 1000 que duram apenas uma semana. Jogas os teus encontros e vais-te embora, não tens de estar dias à espera entre jogos.

NÃO PERCEBE O PANORAMA ATUAL

Não gosto nada da situação atual. É inconcebível que, por exemplo, o De Miñaur tenha jogado o seu último encontro da temporada a 25 de novembro e o primeiro da seguinte a 27 de dezembro. Com apenas um mês de intervalo é impossível descansar, treinar bem e preparar fisicamente para a nova temporada. O ATP tem de analisar isto com seriedade, porque não conheço um único jogador e diria até que nenhum adepto que goste dos Masters 1000 com duas semanas de duração. Sei que o ténis é um negócio, mas acho que este negócio não está a funcionar.

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Jornalista na TVI; Licenciado em Ciências da Comunicação na UAL; Ténis sempre, mas sempre em primeiro lugar.