Vacherot não quer acordar do sonho: «Eu nem devia estar aqui!»

Por Nuno Chaves - Outubro 10, 2025

Se alguém dissesse a Valentin Vacherot que ia chegar às meias-finais do ATP 1000 de Xangai, provavelmente, nem o próprio ia acreditar mas a verdade é que é isso mesmo que está a acontecer e agora vai lutar por um histórico lugar na final frente a Novak Djokovic.

É o momento mais importante da carreira do monegasco que não quer parar de sonhar, principalmente, porque já garantiu a sua entrada no top 100 mundial, algo inédito na sua carreira.

NÃO QUER ACORDAR DO SONHO

São muitas as emoções que estou a viver. Eu já estava muito entusiasmado com tudo, com as três primeiras vitórias. Especialmente a da terceira ronda foi difícil de saborear porque o Tomas teve de desistir. Mas já o jogo dos dezasseis avos de final contra o Griekspoor foi muito emotivo. Foi um momento irreal.

MOMENTO MAIS ESPECIAL 

Esta vitória é ainda mais especial porque é a minha primeira meia-final. Além disso, passar do 200.º para o 92.º lugar do ranking ATP é incrível. Está a ser um momento irreal para mim. Tanta emoção. Poder partilhá-lo com o meu irmão, que é o meu treinador, a minha namorada, o Arthur, o meu primo. Continuo a sentir que há algumas pessoas aqui comigo e também prontas para apoiar o Arthur Rinderknech.

ENTRADA NO TOP 100

No ano passado passei por um período muito difícil quando me lesionei depois de Roland Garros, em maio, estando a 30 pontos do top 100, sentado no sofá a ver como não progredia na classificação e depois descia. Sabia que este ano não seria fácil voltar a subir no ranking. Demorou bastante tempo. Mesmo antes deste torneio estava na posição 204, por isso ainda estava muito longe do top 100. Antes do torneio continuava a dizer que, embora só faltassem dois meses, o meu objetivo para o final da época era estar entre os 100 primeiros. É como se, quem sabe, com uma boa série de resultados se pudesse conseguir rapidamente, mas, obviamente, não sabia que seria aqui e num só torneio. Insisto, é uma sensação irreal.

SEM PRESSÃO

Para ser sincero, faço o mesmo todos os dias. Uma surpresa foi não ter sentido tanto nervosismo, por assim dizer. Comecei a senti-lo um pouco quando entrei em campo porque havia muita gente. O público transmitia uma energia muito divertida. Não era uma pressão verdadeira, era uma pressão leve, divertida — eu nem devia estar aqui. Sinto que a pressão recai mais sobre os meus adversários do que sobre mim. Eu não devia estar aqui, mais do que eles. Acho que isso me está a ajudar muito. É por isso que consigo jogar de forma livre. E, claro, não é fácil, porque eles são os melhores jogadores do mundo. Também estou muito surpreendido, sim, por ter vencido alguns deles, dia após dia. Espero continuar a fazê-lo.

VEM AÍ DJOKOVIC

Comecei há pouco a minha carreira e esta é apenas a minha quarta temporada no circuito profissional. Fiz a minha primeira temporada completa em 2022. Por isso, perdi o Federer, porque ele retirou-se nesse ano. Acho que só coincidi com o Nadal num torneio. Portanto, também não tive oportunidade de jogar contra o Nadal na minha carreira. E quem sabe quando é que o Djokovic se vai retirar — sabemos que será mais cedo ou mais tarde. Por isso, poder jogar no sábado contra o Djokovic significará muito, por poder enfrentar pelo menos um dos três grandes na minha carreira.

Jornalista na TVI; Licenciado em Ciências da Comunicação na UAL; Ténis sempre, mas sempre em primeiro lugar.