Stich crítico: «Sinto falta da autenticidade dos jogadores em court»

Por Bola Amarela - Dezembro 1, 2021

O ex-tenista alemão Michael Stich concedeu uma entrevista ao Tennis Magazin e disse sentir falta da autenticidade dos jogadores atuais no ténis e citou Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic como exemplos dos pilares atuais.

“Quando eu era criança, eu lembro-me do ténis como um desporto de elite, embora ser sócio de um clube fosse muito especial. Não tínhamos dinheiro para comprar a roupa de ténis perfeita, mas todos gostávamos da bandana de John McEnroe ou das pulseiras de Bjorn Borg, essas ‘coisinhas’. Nós, crianças, nem tínhamos raqueta, eram muito caras e trocávamos entre nós”, disse Stich, que foi campeão de Wimbledon em 1991.

“Borg foi o primeiro pop star, foi muito mais que um atleta, se as redes sociais existissem ele teria milhões de seguidores. A sua forma de estar e jogar despertou o interesse da imprensa e do público. Na Alemanha, acho que esse papel pertencia a Michael Westphal, antes mesmo de Boris Becker. Na minha casa nunca pensámos que eu poderia ganhar a vida com ténis, que poderia ser a minha profissão, até que veio o ‘boom’ com esses jogadores. Naquele ano, em 1991, já tinha chegado às meias-finais em Roland Garros, então fui para Wimbledon com a sétima posição do ranking mundial. Não era candidato ao título, mas adorava a relva, sabia que podia jogar bem ali. Lembro-me que foi o Wimbledon mais chuvoso da história, comecei a minha primeira partida na segunda-feira e terminei na quinta. Aquela mesma chuva ajudou-me na segunda ronda, quando fiquei contra a parede diante do Volkov, por 3-5 no quinto set. O encontro parou e naquele momento algo mudou, a faísca acendeu e funcionou”, lembrou.

“Wimbledon é a cereja no topo do bolo, o último passo para saber se você não está apenas lá em cima, mas que é de classe mundial porque ganhou o torneio mais importante do Mundo. E na altura ainda acrescentei o facto de vencer naquela semana Courier, campeão semanas antes em Paris, Edberg, vencedor de Wimbledon, e Becker na final, também vencedor de Wimbledon. Todos eles ocuparam o 1.º lugar no ranking. Pensei para mim mesmo: não pode dá para fazer melhor.”

O ex-tenista criticou o ténis de hoje e pediu mais personalidade nos aos jogadores: “Pessoalmente, hoje sinto falta da autenticidade dos jogadores em court. Aquilo que define o seu caráter, os seus sentimentos e as suas reações reais. Lembro-me de uma cena em que o Marcos Baghdatis perdeu na primeira rodada do Open da Austrália e não houve notícia da sua partida, mas aas quatro raquetas que partiu no banco estavam nos noticiários todos. Isso reflete que o adepto não quer apenas saber o resultado, os recordes ou quem está em primeiro lugar no mundo, os fãs querem ver as emoções. Com Federer, Nadal e Djokovic, às vezes sinto falta disso.”