Sem parar, Borges já está em Paris: «Estou sempre pronto para ganhar»
“Sei que vai ser um desafio grande. Claro que se apanhar um dos ‘nomes grandes’ é um desafio ainda maior, mas se calhar podia deixar isso mais para a frente. Gostava de poder levar a nossa bandeira o mais longe possível e se o adversário me der mais hipóteses, melhor ainda. Mas, de qualquer maneira, estou focado em mim e em fazer as coisas bem”, afirmou aos jornalistas ainda no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, instantes antes de rumar a Paris para representar Portugal nos torneios olímpicos de singulares e pares masculinos.
Entre essas duas competições, Nuno Borges, natural da Maia, reconheceu que a prova de pares é sempre mais aberta e propícia a possíveis surpresas, o que poderá beneficiar a prestação portuguesa. “Historicamente, a variante de pares é mais volátil. Acho que tudo pode acontecer e com um formato com um super tiebreak no terceiro set, acaba por ser, como dizemos, uma lotaria. Agora, claro que aceito que não sou dos favoritos à conquista das medalhas e mesmo com este título acho que ainda estou longe disso, mas estou sempre pronto para ganhar e sempre que as oportunidades vierem, estaremos prontos”, garantiu.
O tenista deu conta da satisfação por poder jogar ao lado do conterrâneo Francisco Cabral, um amigo de longa data, numa competição com o mediatismo e importância dos Jogos Olímpicos. “Para nós, a qualificação foi feita mesmo à última, digamos assim. Só se calhar umas três ou quatro semanas antes é que soubemos. É um sonho tornado realidade poder partilhar o campo com o Francisco, já nos conhecemos há muito tempo e muitos já conhecem a nossa história, começámos juntos no circuito”, contou.
Nuno Borges mostrou-se feliz pelo bom momento que atravessa e que lhe permitiu conquistar o torneio de Bastad, no qual venceu a final por 6-3 e 6-2, ao fim de uma hora e 27 minutos, derrotando um dos jogadores mais titulados da história do ténis, o espanhol Rafael Nadal, com 38 anos, vencedor de 22 títulos do Grand Slam, várias vezes líder do ranking mundial e considerado ainda o rei da terra batida.
O tenista luso apontou agora baterias aos Jogos Olímpicos Paris-2024, competição que destacou como prioridade e que o levou inclusivamente a desistir da participação no ATP de Kitzbühel, na Áustria, que decorre precisamente esta semana. “Vim agora da terra batida e a ideia era mesmo essa, preparar-me nos últimos torneios de terra batida para vir para os Jogos da melhor maneira. É, realmente, uma prioridade para mim e estou pronto para dar tudo. Sinto-me em boa forma mas também sei que estou dependente de quem for o meu próximo adversário”, admitiu, a poucos dias de marcar presença no certame internacional.
Nuno Borges, de 27 anos, manifestou o seu orgulho e satisfação por representar Portugal, ao contrário do que habitualmente sucede na sua temporada desportiva, na qual joga apenas por si num contexto individual. “Estamos a representar a seleção e não a nós, como indivíduos. Jogamos muitas vezes só por nós durante todo o ano no circuito e aqui há um ‘saborzinho’ especial, é jogar por uma equipa, representar uma seleção, e acho que isso pode fazer mais a diferença nas nossas performances do que propriamente o torneio em si, que realmente está recheado dos melhores jogadores do mundo”, assinalou.
O tenista luso está na melhor classificação da sua carreira no ranking mundial ao ascender ao 42.º posto, tendo sido apenas o segundo tenista português a conquistar uma competição do circuito principal internacional depois de João Sousa ter vencido quatro torneios (Kuala Lumpur em 2013, Valência em 2015, Estoril em 2018 e Pune em 2022).