Sabia que o Hawk-Eye faz 10 anos?
Quarta-feira, 22 de março de 2006. Ashley Harkleroad e Jamea Jackson, ambas norte-americanas, protagonizaram o primeiro encontro do Miami Open, que viria a ficar na história por razões que nada teria a ver com o que fizeram no court. O protagonista seria outro. Jackson venceu o primeiro set por 7-5 e servia no início do segundo quando uma bola é chamada fora pelo juiz de linha. O que se seguiu foi algo nunca antes visto.
A jogadora de Atlanta dirige-se ao árbitro dizendo “challenge”. Pela primeira vez no circuito profissional, uma jogadora não se contentou com a decisão do juiz de linha e decidiu ver com os seus próprios olhos se a bola tinha sido realmente fora.
Um gesto que só foi possível porque, algumas semanas antes, os organizadores do torneio receberam do ATP e do WTA autorização para experimentar uma nova tecnologia, chamada Hawk-Eye (também conhecido como olho de falcão). O tira-teimas deu razão ao juiz de linha. “Adorei, acho que é fantástico”, disse, no final, Jackson, que triunfou por 7-5, 6-7 e 7-5. “Não ficamos com raiva. Podes jogar sem estar a pensar nas chamadas. Queria ser a primeira a usá-lo, era isso que importava”, confessou.
8 Curiosidades sobre o Hawk-Eye
1. Foi criado por um jovem matemático chamado Paul Hawkins, em 2001. O seu principal objetivo era levar a tecnologia em primeiro lugar ao críquete, mas o ténis adiantou-se.
2. São precisas pelo menos seis câmaras espalhadas pelo court e ligadas por computador para termos acesso ao Hawk-Eye. Depois, não são necessários mais do que alguns segundos para o computador ler em tempo real o movimento da bola em cada uma das câmara e reproduzir uma representação 3D da trajetória da bola.
3. Antes de ser apresentado oficialmente ao ténis, um modalidade encarada como sendo algo conservador, o Hawk-Eye foi testado durante vários anos.
4. John McEnroe foi um dos primeiros jogadores a usar o Hawk-Eye. Em dezembro de 2005, o norte-americano foi convidado a testar a invenção durante um encontro-exibição que teve lugar no Royal Albert Hall, Londres.
5. Algumas semanas mais tarde, a Taça Hopman, em Perth, Austrália, tem autorização para usar a tecnologia, mas é apenas em março, no torneio de Miami, que as decisões tomadas pelo Hawk-Eye passam a ter o peso que têm hoje.
6. O US Open foi o primeiro evento do Grand Slam a adotar a sistema eletrónico de arbitragem, em 2006, seguindo-se o Open da Austrália meses mais tarde.
7. Houve quem amasse de imediato o novo mecanismo de arbitragem mas houve, por outro lado, muitos jogadores que ficaram com o pé atrás. Marat Safin revelou-se, de imediato, o líder da oposição: “Sou totalmente contra. Quem foi o génio que teve uma ideia tão estúpida?#8221;.Roger Federer também não ficou fã: “é um desperdício de dinheiro”.
8. Antes de ser terem estabelecido os três challenge por set, para cada jogador, com mais um em caso de tie break, cada torneio tinha autoridade para estabelecer as suas próprias regras quanto ao número de vezes que podia ser utilizado.
Os mais beneficiados
Estejam muito ou pouco de acordo, não há jogador que resista a chamar pelo olho de falcão nos momentos de maior aperto. A fama ninguém lha tira e, para assinalar os seus dez anos de vida, o ATP decidiu fazer contas à vida e divulgar os jogadores que melhor relação criaram com o Hawk-Eye na última década.
1. David Goffin, 44%
2. Julien Benneteau, 42,1%
3. Yen-Hsun Lu, 41,7%
4. Nikolay Davydenko, 39,7%
5. Andreas Seppi, 38,4
6. Novak Djokovic, 37,8%
…
9. Roger Federer, 35%
10. Xavier Malisse
22. Rafael Nadal, 32%
Estes são números que apenas abrangem os jogadores que apelaram para o sistema eletrónico de arbitragem pelo menos 100 vezes.