Problemas físicos colocam em xeque a campanha de Jannik Sinner em Wimbledon

O italiano Jannik Sinner, líder do ranking mundial, viveu um daqueles dias em que uma vitória veio acompanhada de mais dúvidas do que certezas. Depois de avançar às quartas de final de Wimbledon graças à desistência de Grigor Dimitrov, o número 1 precisou cancelar um treino agendado para esta terça-feira (8), levantando suspeitas de que uma lesão no cotovelo direito possa atrapalhar sua caminhada rumo ao título inédito na grama londrina. A competição, aliás, tem movimentado as apostas de ténis em Portugal e ainda promete muita emoção nesta reta final.

Jogo marcado por lesões

Tudo parecia encaminhar-se para um duelo equilibrado quando, ainda no primeiro set, Sinner escorregou ao tentar alcançar uma bola de Dimitrov. O impacto, aparentemente inofensivo, terminou com o italiano apoiado sobre o braço direito e deixando escapar uma careta de dor. Ele precisou de atendimento médico, recebeu bandagem no cotovelo e, mesmo limitado, seguiu em quadra.

Minutos depois, porém, foi Dimitrov quem não conseguiu continuar. O búlgaro – que liderava por 2 sets a 0 graças a um início avassalador – sentiu um estiramento no peitoral e decidiu abandonar a partida. Sinner avançou, mas deixou a quadra sem comemorar. 

Cancelamento de treino agrava a incerteza

O alarme soou de vez com o anúncio de que Sinner não participaria do treinamento programado nesta terça. Em um torneio que exige ritmo elevado e adaptação constante à grama, abrir mão da sessão de ajustes é sinal de que o desconforto não se limita a um incômodo passageiro. 

A ausência do italiano nas quadras de prática contrastou com a movimentação intensa dos demais cabeças de chave, que aproveitaram o dia para aperfeiçoar saques e devoluções. Nos corredores do All England Club, rapidamente ressurgiu o debate: seria este o torneio em que o jovem de 23 anos conquistaria seu primeiro troféu na Catedral do tênis? Ou a primeira grande decepção na condição de número 1?

Exame de imagem para medir a gravidade

Para dissipar – ou confirmar – os receios, Sinner passou por exames de imagem. A equipe médica solicitou uma ressonância magnética, procedimento capaz de detectar inflamações ou micro-rupturas que não aparecem em avaliações superficiais. Até o fechamento deste texto, o laudo não havia sido divulgado, preservando o clima de suspense.

Retrospecto amplamente favorável diante de Ben Shelton

O próximo obstáculo atende pelo nome de Ben Shelton, 21 anos, potência de saque que vem incomodando especialistas desde a explosão no US Open de 2023. Apesar do estilo agressivo do norte-americano, o histórico é amplamente favorável a Sinner: 5 vitórias em 6 encontros, com 12 sets consecutivos vencidos pelo italiano – sequência iniciada justamente em Wimbledon, na edição do ano passado.

No último janeiro, pelas quartas de final do Australian Open, Sinner controlou o rival com devoluções profundas e contra-ataques fulminantes. Entretanto, as variáveis deste reencontro são consideravelmente distintas: a grama torna o jogo mais rápido, e o braço direito de Sinner chega sob interrogação.

O que está em jogo para o número 1 do mundo

Sinner desembarcou em Londres embalado por resultados que o colocaram, pela primeira vez, no topo do ranking. Conquistar Wimbledon representaria consolidar essa nova era do tênis masculino, marcada pela ascensão de jovens talentos após anos de domínio do trio Federer-Nadal-Djokovic. 

Além do prestígio, há pontos valiosos em disputa e a chance de afastar qualquer questionamento sobre sua capacidade de decidir nos palcos mais tradicionais.

Por outro lado, forçar o cotovelo sem plena recuperação pode desencadear lesões que costumam exigir semanas de reabilitação e podem comprometer a sequência da temporada em quadras duras na América do Norte. Assim, a decisão entre entrar ou não em quadra nesta quarta-feira envolve uma delicada balança entre ambição e prudência.