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Depois de perder os pais para o cancro, Júlio quer ser o maior coleccionador de itens de Roger Federer
A admiração por Roger Federer atravessa os quatro cantos do mundo, e não há torneio onde o suíço vá em que não seja inundado com centenas e centenas de pessoas que procuram uma fotografia ou um autógrafo de um dos jogadores de ténis mais aclamados de todos os tempos. Mas se fãs há muitos, aficionados também, e há quem esteja disponível para tudo por um item raro que já tenha sido usado (ou simplesmente tocado) por Federer. Apresentamos-lhe um desses aficionados.
Chama-se Júlio Pinheiro de Matteo, tem 27 anos e é natural do Brasil, precisamente o local onde se vai realizar mais uma edição dos Jogos Olímpicos mas que, desta vez, não vai contar com a presença de Federer. “Figuei muito triste e chateado, muito mais pelo Roger e tudo mais quero é que ele recupere”, disse Júlio, que admite juntar-se ao clube dos que vão vender os bilhetes para os Olímpicos, viajando para o Rio apenas para se encontrar com os amigos.
Uma colecção que dura, e dura, e dura
Mas o que tem Júlio Matteo de diferente de tantos outros fãs de Roger Federer? Várias coisas. Mais precisamente, cerca de 300 coisas. Pólos, t-shirts, selos de vários países, revistas, jornais, canecas, posters, toalhas, quadros, e por aí fora… todos estes itens estão, de alguma forma ou de outra, relacionados com Roger Federer. Júlio fez até questão de nos enviar um vídeo a mostrar algumas das peças de vestuário mais valiosas:
“A primeira camisa do Roger que consegui comprar foi no início de 2011. A minha rotina é procurar itens novos todos os dias, é algo que me faz bem e muito feliz”, confessou-nos o aluno licenciado em Marketing, acrescentando ainda que o dinheiro é conseguido ao trocar as típicas “baladas e festas” pela poupança para aumentar a coleção.
Dizer qual é o item mais valioso não é nada fácil, mas o coleccionador brasileiro destaca os casacos de Wimbledon 2008 [que aparece no vídeo] e do tour pela Ásia no mesmo ano. Tudo está disposto no seu quarto por ordem cronológica e Júlio tem até uma amiga na Suíça que guarda e envia de tempos em tempos material para o Brasil. Tudo muito bem organizado e cuidado.
Uma história que não começou de forma feliz
A admiração de Júlio Matteo por Roger Federer não começou por acaso, nem de todo começou por uma boa razão. Aos 17 anos, o ainda jovem carioca perdeu ambos os pais, vítimas de cancro, e, como moravam apenas os três, foi forçado a ir viver com a sua tia. As primeiras semanas foram complicadas e a alteração no estilo de vida foi repentina, mas foi aí que o ténis apareceu.
“O meu primo gostava de ténis e sempre que podia assistia alguns encontros. Um dia assisti o jogo do Roger na final da Masters Cup contra o Blake, em 2006, e foi sensacional. Eu ouvia todos os comentários comecei a aperceber-me da magnitude do desporto”, disse Júlio.
“O ténis com certeza foi importante, pois distraía-me e alegrava-me nas horas vagas. Comecei a trabalhar em 2006 mas era tudo muito novo. Tudo muito recente. Aos poucos deu-me uma motivação muito forte para seguir alegre e com sonhos a serem alcançados”.
De gostar de ténis até admirar Roger Federer um passo muito curto. Para além do estilo de jogo do suíço, Júlio destava ainda mais o “exemplo fora dos courts, como embaixador da UNICEF, pai de família e com milhões de fãs espalhados pelo mundo” que ultrapassam o jogador em si. “Soube que era mesmo fã quando acordava cedo nos fins-de-semana para vê-lo e o coração batia mais forte. Isso ocorre até hoje. Dificilmente eu choro por alguma coisa, mas esse cara mexe comigo”, confessa.
Foi há cerca de quatro anos que o tão aguardado encontro entre Júlio e a sua inspiração aconteceu. E nem foi preciso longas viagens para que isso acontecesse, já que o fã aproveitou a Federer Tour, em pleno Brasil, para se encontrar com o jogador de 34 anos. Mesmo assim, foi preciso pedir dinheiro emprestado, juntar o subsídio de férias e ainda as poupanças de vários salários para que a oportunidade não escapasse e o lugar conseguido fosse o melhor possível.
“Foi sensasional”, começou por nos dizer Júlio Matteo, “contei a minha história para algumas pessoas da Koch Tavares, a patrocinadora do evento, e um rapaz chamado Rafael pediu-me para que no ultimo dia eu chegasse bem cedo para entrar na clínica com o Roger. Era um evento privado mas, mesmo assim, consegui um autografo e um abraço dele”.
Como palavras não chegavam para expressar o que Júlio sentia, o brasileiro admite que saiu a chorar do court e quis abraçar todos os elementos da equipa da Koch que tornaram tudo possível. O dia – 8 de dezembro de 2012 – será para sempre relembrado como “o dia em que conheci o Rei” e, claro, a camisola autografada foi directamente para o armário da colecção.
Júlio Pinheiro de Matteo diz que a procura por camisolas, fotografias ou outros itens que possam expandir a colecção nunca vai terminar, e que o objetivo passa por tornar-se no maior coleccionador mundial. Mas como tudo tem um fim, a carreira de Roger Federer também terá um ponto final a certa altura, algo que não tem como não entristecer este fã: “o coração não baterá como nos ultimos anos. É muito complicado e eu nem gosto de pensar nisso. Tenho medo desse dia e rezo para que ele possa alegrar a mim e todos os fãs por mais alguns anos”.
Quando o desporto e a admiração por um atleta servem para dar espalhar sorrisos e alegrias a quem passa por momentos complicados, todos os fanatismos e favoritismo ficam imediatamente colocados de parte. No caso do Júlio, a carreira de Roger Federer fez quase que um milagre.
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