Os infalíveis hábitos alimentares dos melhores jogadores do mundo

Por Susana Costa - Outubro 20, 2017
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Neste Dia Mundial da Saúde olhamos para o prato de alguns dos atuais e antigos melhores jogadores do mundo e revelamos algumas das histórias que, de uma forma ou de outra, contribuíram para engordar o seu palmarés.

1. E… Puff! Fez-se o (novo) Djokovic

A derrota para Jo-Wilfried Tsonga nos quartos-de-final do Open da Austrália 2010, depois de uma prestação desastrosa por se sentir “cansado”, levou Novak Djokovic a tomar uma difícil mas necessária decisão: fazer do prato o melhor dos aliados e mostrar de que fibra é feito um jogador livre de glúten. O sérvio livrou-se da massa, do pão e das pizas e deu as boas-vindas a uma dieta baseada em abacate, proteína de ervilha, mel e água morna. Estava dado o primeiro passo para o início de uma fase que terminaria com o ténis a ser elevado a níveis de atleticismo nunca antes experimentados. Pelo caminho, Djokovic melhorou visivelmente a sua movimentação no court e ficou com um sistema respiratório como novo.


2. Rafael Nadal: Chocolates, Nutella e batatas fritas

Rafael Nadal é muito pouco dado a exageros, comidas da moda ou dietas rígidas quando se trata de alimentar aquilo que é, no fundo, o seu principal ganha-pão: o roliço braço esquerdo. Habituado a ir aos limites , o maiorquino de 31 anos, que admitiu recentemente ter começado a controlar de forma mais apertada o seu peso, prefere reger-se pelo bom e velho hábito de “comer de tudo um pouco”, sem dizer que não a três dos seus alimentos preferidos: chocolates, Nutella e batatas fritas. A exceção surge antes dos encontros, altura em que dá preferência ao peixe grelhado, massas e legumes, sem renunciar à… felicidade, porque, afinal de contas, também enche barriga.

“Para se ter uma dieta livre de glúten ou qualquer outra dieta perfeita, têm de se fazer sacrifícios, e isso significa que se vai estar feliz o dia todo nem fresco mentalmente, porque isso requer um grande esforço. Por isso é melhor não ir por aí”.


3. Maria Sharapova e o poder da banana

É sabido que um corpo de 188 centímetros bem medidos não se alimenta a pão e água, mas o que talvez não seja do conhecimento geral é o especial apreço que Maria Sharapova tem por aquela que é a fruta dos atletas por excelência. Mas recuemos a 2006. A russa tinha acabado de vencer o Open dos Estados Unidos, derrotando Justin Henin na final, quando, na conferência de imprensa, foi acusada de receber aconselhamento do seu pai durante o encontro.

Na verdade, Yuri Sharapov apenas se teria preocupado em relembrar a sua filha de comer uma… banana. Tão simples e inofensivo quanto isso. Ora, como seria de esperar, calada perante a insinuação é que a russa não ficou: “Acabei de vencer um Grand Slam e quer falar comigo sobre uma banana. Acha que foi por causa disso que eu venci o encontro?” Por causa da banana não terá sido, certamente, mas quem garante à jogadora russa que as cãibras não tivessem feito das suas no momento menos conveniente. Os pais sabem destas coisas


4. As saudáveis irmãs Williams

Quem não tem um amigo que aproveita a primeira distracção para fazer um daqueles truques em que as batatas fritas desaparecem por magia do nosso prato? Pois bem, Venus Williams confessa já ter sido essa pessoa. Mas mudam-se os tempos, mudam-se os hábitos, e desde que foi lhe diagnosticada a síndrome de Sjogren, a norte-americana virou-se para os vegetais e recorre aos sumos naturais para conseguir picos de energia.

Fã de vegetais (crus) é também a sua irmã mais nova. Serena descobriu que eliminar o leite e a carne da sua dieta ajudava o seu organismo a livrar-se das inflamações musculares e, desde então, prefere as frutas e os sumos naturais. Mas sempre? Saudável, mas não tanto: “Não sou perfeita, e não faz mal se fugir à dieta de vez em quando”.


5. As 6 mil calorias de Andy Murray

Pernas como as de Andy Murray não se mantêm com folhas de alface mas… 6 mil calorias? Não será carga a mais para alguém que precisa de pés ligeiros no court? Talvez não. É que tal como Novak Djokovic, o escocês decidiu renunciar ao glúten há alguns anos, não por ser intolerante, mas por opção, e compensa a falta da proteína encontrada no trigo vingando-se diariamente numa série de alimentos super-energéticos.

De manhã abusa dos frutos secos, e depois dos encontros enche a barriga de sushi que a sua equipa lhe providencia. Murray chega a comer cerca de cinquenta peças de sushi. De novo: cinquenta! Um mal(?) necessário, já que sem esta dieta perderia cerca de 18 quilos de músculo por temporada.

“Esta dieta deu-me mais energia. Sinto falta de pegar no menu e poder pedir o que me apetece sem restrições. Pode tornar-se frustrante quando estou no restaurante e vejo os que me rodeiam a comer pão com manteiga ou não poder comer iogurte normal, mas tem valido a pena”. Quanto às afamadas bananas…“Para ser sincero, acho a banana um fruto ridículo, nem sequer tem sumo. Os pêssegos e as ameixas fazem mais o meu género”.


6. Patty Schnyder e os jarros de vitamina C

No ténis, muito pouco (ou mesmo nada) é fruto do acaso, e as sete vidas de Patty Schnyder talvez se devam, nem de propósito, ao poder dos citrinos. Durante a sua primeira carreira a jogadora suíça bebia TRÊS litros de sumo de laranja natural por dia. O incentivo partiu do seu treinador, que viria a tornar-se seu marido alguns anos mais tarde, e, ainda que se tenha revelado céptica no início, a verdade é que a carreira de Schnyder durou duas décadas.


7. Sai uma dose de Teletubbies para a mesa de Ivanisevic

Acha que já leu excentricidades que cheguem para um só artigo? Então prepare-se, porque esta poderá ser a história mais fascinante sobre Grand Slams que alguma vez ouviu. Vindo de uma lesão no ombro, Goran Ivanisevic só chegou a calcar a relva de Wimbledon em 2001 graças a um wildcard da organização. Sem esperar, as vitórias sucederam-se e, às tantas, o croata obrigou-se a repetir o mesmo programa todos os dias. Ivanisevic assistia a meia hora de Teletubbies todas as manhãs, no hotel, treinava ou jogava à tarde e todas as noites se dirigia ao mesmo restaurante, para se sentar na mesma mesa e fazer o mesmo pedido: sopa de peixe, borrego assado com batatas fritas e gelado com calda de chocolate. Em rotinas com que se ganha não se mexe, e Ivanisevic saiu da catedral do ténis com o título, o único Grand Slam da sua carreira. Palmas.


8. A dieta de Roger Federer… Mas qual dieta?

E eis a altura em que pensamos: “bem, nem quero imaginar o que comerá Roger Federer para ter conquistado tantos títulos, batido tantos recordes e permanecido mais de 300 semanas no topo do ranking“. Bem, na verdade ele é apenas… normal. O melhor jogador de todos os tempos, para muitos, não cede a restrições ou dietas exóticas.

Não sei muito bem o que significa tudo isso. Eu como de forma saudável e é isso que todas as pessoas deviam fazer. Claro que uma boa dieta é importante num atleta, mas não é tudo. Percebo que os jogadores tentem diferentes dietas e percebam o que funciona para eles, mas a minha é simples, natural e saudável”.

Um homem de equilíbrios, nada de novo. Bom, talvez haja algo que ainda não saiba: Federer chega a dormir 10 horas por noite durante os torneios. Como é que tal é possível com dois pares de gémeos em casa? Sendo-se Roger Federer, naturalmente.

 

Descobriu o que era isto das raquetes apenas na adolescência, mas a química foi tal que a paixão se mantém assolapada até hoje. Pelo meio ficou uma licenciatura em Jornalismo e um Secundário dignamente enriquecido com caderno cujas capas ostentavam recortes de jornais do Lleyton Hewitt. Entretanto, ganhou (algum) juízo, um inexplicável fascínio por esquerdas paralelas a duas mãos e um lugar no Bola Amarela. A escrever por aqui desde dezembro de 2013.