Nadal revela o período psicológico mais complicado de 2019 e explica o quão difícil foi dar a volta

Por Nuno Chaves - Dezembro 26, 2019

Rafa Nadal deu uma entrevista ao jornal AS, de Espanha, onde fez um balanço da sua temporada impressionante de 2019, que terminou com o título na Taça Davis.

O número um mundial não se esquece o início de época complicado. “A temporada foi fantástica em todos os sentidos. Vivi muitas coisas, algumas positivas e outras muito duras. Por sorte houve um momento concreto em que ganhei uma dinâmica boa e já não a larguei. Mas não posso esquecer o que aconteceu no primeiro mês”, relembrou El Toro.

“Vinha de um 2018 tenisticamente muito bom, mas muito complicado a nível físico. Terminei apenas sete torneios com muito bons resultados. Acabei como número dois do mundo. Em janeiro tive de desistir de Brisbane. São coisas que se esquecem, mas esses momentos queimam-te interiormente”, revelou El Toro.

Mas os períodos complicados não ficaram por aqui. “Cheguei a Melbourne com dúvidas, ainda que tenha jogado bastante bem, excepto na final. Sentia-me bem mas em Acapulco notei uma dor no pulso e só pude treinar um dia antes de começar o torneio. Outro golpe. Perdi com o Kyrgios, competi e não ganhei. O tratamento correu bem, ainda que em Indian Wells não tenha jogado por sentir uma dor no joelho. Esse foi o momento mais complicado do ano, porque vinha de temporadas muito más ao nível de lesões”, admitiu.

Seguiram-se momentos difíceis, ainda para mais, na sua altura preferida do ano. “A preparação para a temporada de terra batida foi curta e difícil. Estava cansado e desmoralizado. Passei umas semanas más em casa, tanto fisica como mentalmente. Antes de ir para Monte Carlo parei de treinar para ver se as ideias refrescavam. Aí não estive tão mal, tirando a meia-final, que foi um desastre”.

Foi então que chegou um dos pontos de viragem. “Chegou Barcelona. Graças à ajuda da minha família e da minha equipa segui em frente, ainda que em Barcelona lhes tenha pedido para me deixarem uma noite sozinho em casa depois de vencer com sofrimento o Mayer. Foi quando vi que tinha de me dar uma oportunidade. Joguei com o Ferrer e pensei que tinha de mudar o chip, valorizar cada melhoria e aceitar o que acontecia, pelo menos até Paris”.

“Comecei a melhorar cada dia. Acabei bem em Barcelona, ainda que tenha perdido para o Thiem e em Madrid lutei contra o Tsitsipas. Senti que estava melhor de cabeça e fui para Roma com a sensação de que tinha estado mal, mas ainda assim, perto do meu objetivo. Com tudo o que aconteceu, cheguei a três meias-finais seguidas. Roma foi uma mudança muito importante. Comecei a competir a um nível muito alto. Em Paris estava pronto. A partir daí, umas vezes ganha-se e outras perde-se mas desde aquele segundo dia em Barcelona até Abu Dhabi consegui desfrutar da temporada”, concluiu numa extensa explicação.

Jornalista na TVI; Licenciado em Ciências da Comunicação na UAL; Ténis sempre, mas sempre em primeiro lugar.