Nadal faz 34 anos: a história de ‘El Toro’ que é rei na terra batida
O Bola Amarela continua a relembrar os históricos da nossa modalidade e, esta quarta-feira, viramos as nossas atenções para um dos melhores de sempre do ténis que até está de parabéns: o espanhol Rafael Nadal.
Rafael Nadal Parera nasceu a 3 de junho de 1986 em Manacor, Maiorca, em Espanha, e desde cedo percebeu que o seu futuro passava pelo ténis muito por culpa do seu tio, Toni Nadal, que foi o responsável pelo facto de Rafa ter começado uma relação com o mundo do ténis com apenas quatro anos de idade. O espanhol desde cedo teve alguma dificuldade em bater as pancadas corretamente e, nesse sentido, Toni Nadal, foi fundamental uma vez que ensinou o seu sobrinho a bater a direita apenas com uma mão a partir dos nove anos.
O espanhol Rafael Nadal tornou-se profissional em 2001 e, um ano depois, em 2002, com apenas 15 anos e dez meses, o maiorquino conseguiu a sua primeira vitória em torneios ATP, em ‘casa’, em Maiorca, ao bater Ramon Delgado e tornou-se, na altura, o nono tenista com menos de 16 anos na Era Open a vencer um encontro ATP.
Em 2003, Rafael Nadal começava a ganhar ritmo para o que seria o verdadeiro ‘nascimento’ de uma lenda da modalidade: nesta temporada, o espanhol conseguiu ser finalista nos challengers de Hamburgo, Cherbourg, Cagliari e Aix en Provence sendo que os primeiros títulos challenger surgiram em Barletta (Itália) e Segóvia (Espanha). Este foi também o ano em que Rafael Nadal se qualificou pela primeira vez para o quadro principal de um ATP Masters 1000, em Monte Carlo, sendo derrotado por Federico Coria na terceira ronda. Nesta temporada, Rafael Nadal falhou a participação no torneio de Roland Garros devido a uma lesão no cotovelo, mas regressou a tempo de fazer a sua estreia no torneio de Wimbledon no qual se tornou o mais jovem jogador desde Boris Becker (em 1984) a atingir a terceira ronda da prova (Becker fê-lo com 16 anos, Nadal com 17). Este foi o ano em que Rafael Nadal somou o seu primeiro título como profissional, em Umag, na variante de pares, ao lado de López Moron. Este era um bom presságio para o que seria a carreira de Nadal daqui para a frente.
Na temporada seguinte, em 2004, Rafael Nadal venceu apenas um título ATP, em Sopot, naquele que foi já um ano de bom nível para o maiorquino: nesta temporada, Nadal foi parte integrante e decisiva da seleção de Espanha na Taça Davis ao vencer Andy Roddick, número dois mundial e ajudou Espanha a vencer o título. Este foi também o ano em que Rafael Nadal conseguiu chegar à sua primeira final ATP (fê-lo em Auckland) e foi o ano em que conseguiu bater o suíço Roger Federer, número um mundial na época, em Miami naquele que foi o primeiro encontro de uma rivalidade histórica que se mantém até aos dias de hoje.
Em agosto deste mesmo ano chegou o tão aguardado primeiro título ATP, em Sopot, como já vimos, sendo que, na variante de pares, Nadal venceu o troféu de campeão em Chennai e foi até às meias-finais do US Open com Tommy Robredo.
A partir de 2005, a carreira de Rafael Nadal deu o salto para a eternidade: nesta temporada, o maiorquino venceu 11 (!) títulos ATP num ano que marcou a sua estreia em triunfos nos torneios do Grand Slam e em torneios de categoria Masters 1000: as conquistas nos Masters 1000 de Monte Carlo e Roma deram o “açúcar” necessário para que Nadal chegasse a Roland Garros com a possibilidade…De comer os morangos, isto é, com a possibilidade de ser campeão. E foi isso mesmo que acabou por aconteceu. Nadal tocou o céu de Paris ao vencer na final Mariano Puerta naquela que era a sua primeira grande conquista de carreira. Com este feito, Rafael Nadal tornou-se, aos 19 anos, no tenista mais jovem desde que Michael Chang venceu a mesma prova, em 1989, com apenas 17 anos. Neste mesmo ano, entre outras conquistas, Nadal venceu também os Masters 1000 no Canadá e o Masters 1000 de Madrid. 2005 foi também o ano em que Nadal chegou à final do Masters 1000 de Miami, mas perdeu para Roger Federer naquela que foi a primeira final de carreira entre ambos.
Em 2006, Rafael Nadal, que já era um nome respeitado em todo o mundo, teve uma temporada menos fulgurante e conquistou “apenas” cinco títulos, mas entre os quais voltaram a estar o torneio de Roland Garros e os Masters 1000 de Roma e Monte Carlo. Estas vitórias fizeram com que Nadal começasse a ganhar uma reputação incrível na superfície de terra batida.
Em 2007…Mais do mesmo! Rafael Nadal parecia insuperável na terra batida e voltou a ser feliz em Roland Garros (bateu Roger Federer pelo segundo ano consecutivo na final) e nos Masters 1000 de Monte Carlo e Roma. Em 2007, Nadal teve mais motivos para festejar uma vez que levou para casa os troféus dos torneios de Estugarda, Barcelona e Indian Wells (nesta ocasião bateu Novak Djokovic no início de mais uma grande história de rivalidade no mundo da bola amarela). Ainda assim, esta temporada fica também marcada pelo lado negativo devido, entre outros aspetos, à derrota na final do torneio de Wimbledon diante do suíço Roger Federer.
Em 2008, Rafael Nadal teve uma temporada muito positiva: Nadal juntou mais três troféus de categoria Masters 1000 ao palmarés (Monte Carlo, Hamburgo e Canadá), voltou a vencer o ATP de Barcelona e Roland Garros (pelo quarto ano consecutivo!) numa prova que a lenda continuava a crescer. Neste mesmo ano, Rafael Nadal venceu ainda a medalha de Ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim o torneio de Queen’s e, claro, o torneio de Wimbledon, pela primeira vez na carreira, ao derrotar Roger Federer numa final absolutamente épica que durou mais de seis horas e que só ficou definida num quinto set de cortar a respiração! (Para mim, esta é a primeira grande memória que tenho de um encontro de ténis. Lembro-me de ter acompanhado o torneio e, em particular, a final que me deixou preso ao ecrã durante umas boas horas! Que maravilha!)
O ano de 2009 marcou a sua estreia em triunfos em torneios do Grand Slam no país dos cangurus: Nadal venceu o seu primeiro (e único) Australian Open até à data ao vencer, novamente, Roger Federer num encontro decidido também em cinco partidas. Esta temporada, Nadal venceu ainda os Masters de Indian Wells (bateu Andy Roddick na final) Monte Carlo (levou a melhor sobre Novak Djokovic) e Roma (também sobre Nole) num ano a que se junta ainda o título conquistado no ATP de Barcelona.
No ano seguinte, Rafael Nadal teve, porventura, um dos melhores anos de carreira: o tenista maiorquino entrou nesse ano como número dois mundial, mas deu provas de que, na época, não existia ninguém melhor do que ele. Ainda assim, a temporada não começou da melhor forma para o maiorquino. Rafael Nadal desistiu do Australian Open, primeiro Grand Slam da temporada, devido a uma contusão nos joelhos mas, logo após essa desistência, Nadal esteve presente nas meias-finais dos Masters 1000 de Indian Wells (onde perdeu para o atual treinador de Federer, Ivan Ljubicic) e Miami onde foi derrotado pelo norte-americano Andy Roddick.
Depois disso, Rafa Nadal começou a ganhar ritmo competitivo e a partir do início da temporada de terra batida tudo mudou… e ‘El Toro’ reapareceu em força! O espanhol elevou os índices de dedicação e venceu o primeiro troféu da época no Masters 1000 de Monte Carlo (sexto da carreira em Monte Carlo) perante Fernando Verdasco numa final que foi completamente dominada por Nadal, que venceu em dois sets por 6-1 e 6-0. Depois disso, vieram os títulos nos Masters 1000 de Madrid no qual bateu o suíço Roger Federer na final com parciais de 6-4 e 7-6(5) e em Roma, o seu terceiro título Masters 1000 da temporada, ao bater o compatriota David Ferrer, em dois sets, por 7-5 e 6-2.
‘El Toro’ chegava afinado a Roland Garros e foi sem surpresa que, no final do segundo Grand Slam da temporada, o Rafael Nadal voltou a ser rei na terra batida ao vencer o torneio francês pela quinta vez na carreira: nesse ano, Nadal derrotou o sueco Robin Soderling, em três sets, por 6-4, 6-2 e 6-4. No ano anterior, Nadal perdeu com o mesmo adversário naquela que foi a primeira derrota de sempre do espanhol em Roland Garros.
Depois de todo o sucesso no pó de tijolo chegou a temporada de relva…E Nadal voltou a ter motivos para sorrir. Numa altura em que o espanhol não era favorito à vitória na catedral do ténis, surpreendeu o mundo e tocou o céu de Wimbledon, pela segunda vez na carreira, depois de vencer o checo Tomas Berdych na final: 6-3, 7-5 e 6-4 foram os números daquela que foi, até hoje, a última conquista na relva de Wimbledon para o maiorquino.
E como não há duas sem três…Nadal venceu outra vez: desta vez o palco foi o US Open. O tenista maiorquino de 24 anos, número um mundial na época, bateu Novak Djokovic com um resultado de 6-4, 5-7, 6-4 e 6-2 para vencer o seu primeiro título no torneio norte-americano e confirmar o feito do Grand Slam de carreira (já tinha vencido os quatro Grand Slams). O ano de 2010 não ficaria completo sem mais um título (o sétimo da temporada): o ATP 500 de Tóquio onde Rafael Nadal venceu o francês Gael Monfils. A temporada do espanhol terminaria, sem surpresa, na final das ATP Finals, mas aí foi o suíço Roger Federer quem levou a melhor: Federer venceu por 6-3, 3-6 e 6-1.
Em 2010, Roger Federer conseguiu evitar que o seu rival Rafael Nadal vencesse os quatro títulos do Grand Slam no mesmo ano ao conquistar o Australian Open pela quarta vez na carreira depois de vencer o britânico Andy Murray no encontro de todas as decisões, mas este seria um dos melhores anos de carreira de Nadal.
Em 2011 e 2012, Nadal continuou a sua caminhada impressionante e conquistou mais dois títulos em Roland Garros sendo que o espanhol voltou a conquistar os Masters de Monte Carlo (2011 e 2012) e Roma (2012). Ao longo destes dois anos, na variante singular, Nadal venceu sete títulos ATP (entre os quais estão, como já vimos, mais duas conquistas em Roland Garros). Ainda assim, em 2011, Nadal perdeu as finais de Wimbledon e do US Open sendo que o maiorquino também não teve sorte nas finais dos Masters 1000 de Indian Wells, Miami, Madrid e Roma. Em 2012 foi ainda finalista do Australian Open (perdeu com Novak Djokovic).
Em 2013, Rafael Nadal voltou a ter um ano quase perfeito: o maiorquino venceu dez (!) títulos, cinco de categoria Masters 1000, sendo que voltou a vencer mais dois torneios do Grand Slam: Roland Garros (como era de esperar) e o US Open quando bateu na final o sérvio Novak Djokovic. Nesta temporada, destacam-se ainda os títulos em Acapulco, São Paulo e Barcelona. Rafael Nadal acabou a temporada nas ATP Finals, mas foi derrotado na final por Nole. Neste ano, Nadal falhou a participação no Australian Open devido a um problema estomacal.
Em 2014, Rafael Nadal começou o ano da pior forma possível no que a torneios do Grand Slam diz respeito ao ser derrotado na final do Australian Open pelo suíço Stan Wawrinka. Nessa temporada, Nadal perdeu ainda as finais dos Masters de Miami e Roma, mas juntou mais troféus à sua coleção: Roland Garros, o Masters 1000 de Madrid, o ATP do Rio de Janeiro e o ATP de Doha, no Qatar.
Os anos de 2015 e 2016 foram complicados para Rafa Nadal que teve problemas físicos o que fez com que Nadal não pudesse defender o título em Roland Garros (em 2015 perdeu de forma clara, em três sets, nos quartos de final da prova diante de Novak Djokovic pelos parciais de 7-5, 6-3 e 6-1) sendo que em 2016 Nadal desistiu do major francês, já em plena competição, devido a um problema no pulso e não jogou o torneio de Wimbledon neste mesmo ano. Ao todo, nestes dois anos, Nadal venceu cinco títulos na variante singular: três em 2015 e dois em 2016.
Em 2017 fez-se história na carreira de Rafael Nadal e no mundo do ténis também: o maiorquino conquistou a tão ambicionada La Décima em Roland Garros, mas o ano voltava a não começar bem: Nadal cedeu na final do Australian Open perante Roger Federer. Ainda assim, nesta época, para além de La Décima em Paris, Nadal venceu os Masters de Monte Carlo e Madrid, os torneios de Barcelona e Pequim e ainda o US Open quando bateu Kevin Anderson no encontro decisivo.
Nos dois anos que se seguiram, Rafael Nadal voltou a dar provas do motivo pelo qual é apelidado do ‘rei da terra batida’ ao vencer mais dois torneios do Grand Slam em Roland Garros, em 2018 e 2019 (já são 12 ! títulos no total para Nadal em Paris.) No entanto, o maiorquino pensa que o seu recorde em Roland Garros será batido (Achamos difícil, mas não há impossíveis). Em 2019 Rafael Nadal ‘encostou’ em Roger Federer e venceu o seu 19.º título em ‘majors’, ao conquistar o US Open perante Daniil Medvedev, para ficar apenas a um do astro suíço. Em 2019, no entanto, Nadal voltou a não ser feliz no Australian Open.
Já este ano de 2020, Nadal venceu o ATP de Acapulco, mas depois disso, fomos invadidos por um vírus e o ténis viu os circuitos serem suspensos, pelo menos, até final de julho.
Ao longo da sua carreira, até ao momento, Rafael Nadal venceu 85 títulos na variante singular e mais 11 na variante de pares sendo que ainda tem mais alguns anos pela frente para continuar a desfrutar da modalidade da bola amarela sendo que não há dúvidas que Nadal é um dos melhores tenistas de todos os tempos.
O nome de Rafael Nadal estará para sempre ligado à modalidade e junta-se a outros históricos como, por exemplo, René Lacoste, von Cramm e Fred Perry, Maria Sharapova, Guga Kuerten, Don Budge, Boris Becker, John McEnroe, Mónica Seles, Noah, Roland Garros, Stan Smith , Steffi Graf, Andy Roddick, André Agassi, entre outros. Obrigado!