Mundial de Padel: Mobilização e orgulho

Por admin - Novembro 18, 2016
A dupla portuguesa posam lado a lado, com o braço enrolado ao pesçoço. Jogadores. Jogador. Emoção. Festa.

Todos os dias começam por chegar em número reduzido e a um ritmo tranquilo. As jornadas são longas. Extenuantes. Mas rapidamente se transformam em dezenas. E facilmente atingem as largas centenas. Ansiosos, atentos, curiosos, solidários e interessados.

Todos os dias enchem de vida, emoção, frenesim, cor e apoio as imediações dos courts, onde os ídolos fazem arte. Sim, arte! Acreditamos que o padel que sai da pala – como chamam os argentinos e os espanhóis, os “deuses” desta diabólica modalidade – de Belasteguin (1º ranking mundial), Paquito Navarro (3º), Juan Martin Diaz (9º), Carlos Daniel Gutierréz (4), Matías Díaz (5º) e, entre outros, Maximiliano Sánchez (5º), é pura arte. Arte. Espectáculo. Magia! Aliás, acreditamos nós e estamos em crer que acreditam os milhares de pessoas que têm feito questão de passar serões, manhãs e dias na Quinta da Marinha, a acompanhar a 13ª edição do Campeonato do Mundo.

Mais, essa crença, além de partilhada na admiração pelos talentosos argentinos, espanhóis e brasileiros que enchem as pistas de magia, é extensível ao talento e empenho dos jogadores portugueses. Também eles ídolos e craques para as bancadas que se apertam e enchem de manifestações de entusiasmo cada vez que entram em campo.

São cânticos improvisados e partilhados, palavras de incentivo gritadas com a maior das convicções, palmas cheias de fé no valor nacional, assobios a marcar ritmo e a tentar contagiar de ânimo quem tão “corajosamente” enfrenta em court, algumas vezes, um destino previamente traçado e desfavorável.

Espanha, Argentina e Brasil estão noutra galáxia. Mas eles, os valores nacionais, estão lá, dispostos a lutar por uma ténue esperança e, muitas vezes, a concretização de um sonho. Até porque, em alguns casos, do outro lado estão lendas e ídolos de quem nos representa. Uma condicionante logo à partida, é um facto, mas tão natural quanto válida.

Ainda assim, nunca estão sós. Nas bancadas sentam-se adeptos que admiram e acreditam quase tanto ou mais nas capacidades dos atletas portugueses, seus representantes, professores, amigos, familiares ou simples conhecidos/as.

Lá dentro do court, entre os vidros e as malhas metálicas, é percetível o peso da responsabilidade de representar o melhor possível o país e não defraudar as expetativas. Cá fora, ninguém regateia no apoio, nos gritos de incentivo, nos aplausos e na eventual contribuição, seja de que forma for, para o sucesso das equipas nacionais. O ambiente com cerca de mil pessoas no encontro (a meio de um dia de trabalho) de Diogo Rocha e Miguel Oliveira frente aos brasileiros João Flores e Stefano Flores, que ditou o apuramento dos portugueses para a final do Mundial de duplas, é um mero exemplo da “loucura”, devoção e paixão com que os adeptos vivem esta nova modalidade.

E se em três anos é sobejamente notório e motivo de orgulho a evolução dos atletas portugueses, é igualmente impressionante a capacidade que estes jogadores e o padel português tiveram para captar tamanho interesse, dedicação, mobilização e apoio de tantos adeptos e praticantes amadores. Curioso é perceber que esse orgulho e honra de quem está de fora “simplesmente” a aplaudir e incentivar é correspondido igualmente por quem os representa e defende as cores de um País.

Estará nesta comunhão de orgulho, mobilização e paixão parte do sucesso desta modalidade que, por exemplo em Espanha conta com 4,5 milhões de praticantes e é a segunda modalidade mais praticada no país, e que se expande um pouco por todo o mundo?

[Foto Record]