Moutet, o craque da NextGen que também é ‘rapper’, confessa-se: «Deixei os meus pais aos 12 anos»

Por José Morgado - Maio 10, 2020
moutet

Corentin Moutet, francês de 21 anos, é uma das personalidades jovens mais interessantes do circuito masculino. Talentoso mas rebelde dentro de fora do campo, o jovem gaulês tem uma espécie de carreira paralela na música: toca vários instrumentos e tem uma séries de músicas gravadas que podem ser vistas no canal de YouTube ou Instagram, onde canta… e também faz rap. O jovem craque, 75.º ATP e finalista do ATP 250 de Doha na primeira semana de 2020, contou a sua história ao ‘Behind The Racquet’.

“Deixei a casa dos meus pais, no centro de Paris, quando tinha 12 anos para treinar no sul de França. Foi uma decisão difícil, pois ainda que tivesse claro que queria ir, eu ainda precisava dos meus pais e estava a escolher seguir sem eles. Não sabia cozinhar ou limpar, mas aprendi. Fui sempre parte da Federação. Sabia que tinha de estar ali para treinar com os melhores jogadores. Ali havia menos foco na escola e mais no ténis. Eu sabia desde início que o ténis era a minha modalidade, mas não fazia ideia do quão difícil seria estar longe de casa. Os meus pais perceberam a minha decisão, mas não concordaram com ela. Diziam-me que eu era demasiado jovem e podia encontrar um local para treinar mais perto.

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Mas as pessoas que formaram a minha equipa convenceram-nos de que esta era mesmo a melhor opção. Os primeiros meses não foram bons. Em poucas semanas, parti a perna. Caí de uma árvore durante uma atividade de ‘team building’. Estava lá e não podia treinar. Os dias eram longos, ia apenas à escola e estava longe dos meus pais. Não sabia o que fazer. Mantive-me lá e construí relacionamentos com toda a gente porque se fosse para casa e só voltasse quando estivesse bom da perna já não conheceria ninguém. Tive azar. Sabia que mesmo quando recuperasse teria um longo caminho pela frente.

Um dia precisamos de deixar a estrutura da Federação e construir a nossa própria equipa e isso ajuda-nos a ser melhor pessoa. Aprendi com os meus erros e quando precisei de liderar uma equipa, tornei-me mais maduro dentro e fora do court. Aprendi não apenas a respeitar os jogadores e equipa à minha volta, mas também a minha família. Quando tens o teu próprio apartamento, a tua casa e já não vives com os teus pais, aprendes a fazer com que cada segundo valha a pena. Não há tempo para momentos negativos, apenas energias positivas.”

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Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 16 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: jose_guerra_morgado@hotmail.com