McEnroe: o ‘Homem fúria’ cuja lenda conquistou Hollywood

Por Tiago Ferraz - Agosto 1, 2020
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Novo dia, nova história. Numa altura em que o ténis está parado, o Bola Amarela dá a conhecer as histórias da vida e carreira de alguns dos melhores tenistas de todos os tempos. Desta vez, o escolhido é o carismático John McEnroe.

John McEnroe nasceu a 16 de fevereiro de 1959 em Wiesbaden, na Alemanha, mas foi cedo que começou a sua vida nos Estados Unidos da América e só precisou de 18 anos para se iniciar na variante profissional sénior: em 1977 McEnroe estreou-se no circuito e um ano depois, em 1978, conseguiu logo uma mão cheia de títulos: venceu os torneios de Hartford, San Francisco, Estocolmo, Wembley e venceu o Masters de final de época num ‘aviso’ para o que aconteceria no ano seguinte.

Em 1979, o norte-americano conseguiu venceu dez títulos num ano muito bom para John McEnroe que conseguiu fazer a festa pela primeira vez num torneio do Grand Slam ao conquistar o US Open com apenas 20 anos. Esta foi a ‘rampa de lançamento’ para uma carreira recheada de sucesso.

Numa época em que florescia uma das maiores rivalidades de sempre entre John McEnroe e o sueco Bjorn Borg, o norte-americano apresentou algo inovador no mundo do ténis na época: McEnroe era conhecido pelo facto de ter um temperamento peculiar e pelo equipamento que usava e, principalmente, pelos sucessivos protestos com o árbitro de cadeira o que lhe valiam (quase sempre) multas e/ou uma dúzia de raquetas partidas (por encontro quase) devido à fúria inacreditável que demonstrava em court. No seu estilo de jogo, John McEnroe via na sua esquerda uma das suas principais armas (tinha uma pancada de esquerda fabulosa) que acabou por ajudá-lo a conquistar muitos títulos.

Depois do primeiro título do Grand Slam, não foi preciso esperar muitos anos para ver McEnroe, novamente, a festejar e parece que o norte-americano tinha encontrado um local talismã uma vez que McEnroe voltou a vencer o US Open, em 1980 e 1981, para juntar mais dois ‘majors’ à  sua coleção numa altura em que o seu rival de sempre, Bjorn Borg, dominava na relva de Wimbledon com cinco títulos consecutivos: em 1976, 1977, 1978, 1979 e 1980.

Esta rivalidade foi tão grande que, já em 2017, foi lançado um filme denominado de Borg vs McEnroe que conta a história, precisamente, dessa grande rivalidade no mundo do ténis e incide a ação na história de Bjorn Borg e de John McEnroe até à glória em terras de sua majestade na final de Wimbledon de 1980 num filme que vale a pena ser visto.  A história conta o caminho dos dois tenistas até à grande final e analisa bem as diferenças de personalidade que retratam fielmente o que eram os dois: Borg era muito mais calculista e McEnroe era muito mais irrequieto. Borg ia à procura de um quinto título consecutivo na relva de Wimbledon. McEnroe queria quebrar a hegemonia do rival. É um retrato bem fiel daquela que foi uma final épica e que é recordada até aos dias de hoje como uma das melhores finais de todos os tempos em ‘majors’. Os dois tenistas eram rivais e opostos em (quase) tudo. Borg (quase) não demonstrava emoções, era visto como o ‘Homem de gelo’ e era um rapaz ‘certinho’ e muito disciplinado capaz de suportar a pressão e guardar os pensamentos durante um encontro sem os exteriorizar.

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No ano seguinte, em 1981, John McEnroe conseguiu fazer história e conquistar pela primeira vez o torneio de Wimbledon naquela que foi uma ‘revenge’ daquilo que o norte-americano tinha vivido em anos anteriores com derrotas que lhe tinham custado títulos. Este triunfo contribuiu para o fim do ‘reinado’ do sueco Bjorn Borg no torneio de Wimbledon que procurava ‘prolongar’ a história e vencer o major britânico pela sexta vez consecutiva, mas McEnroe trocou-lhe as voltas e venceu o encontro para fazer a ‘festa’.

John McEnroe ‘acentuou’ o caminho vitorioso e, em três anos após a ‘interrupção’ do domínio de Borg, McEnroe voltou a vencer Wimbledon em 1983 e 1984 para ficar com seis títulos do Grand Slam no seu palmarés aos quais juntou ainda mais um US Open (o quarto da carreira) também em 1984.

John McEnroe foi também um exímio tenista na variante de pares o que lhe valeu vários títulos na Taça Davis em 1978, 1979, 1980, 1981, 1982, 1983, 1984, 1989, 1981, 1983 e 1984. Ao longo da sua carreira, McEnroe venceu 7 títulos do Grand Slam na variante individual, aos quais juntou mais 10 na variante de pares: McEnroe venceu Wimbledon em pares nos anos de 1979, 1981, 1983, 1984 e 1992, conquistou o US Open, também na variante de pares, em 1979, 1981, 1983 e 1984 e foi feliz no torneio de pares mistos em Roland Garros em 1977.

Ao longo da sua carreira, John McEnroe conseguiu ser número um mundial nas variantes de pares e individual e garantiu um prize-money de carreira de mais de 12 milhões de dólares. Agora que está afastado dos courts, John McEnroe mantém-se ligado ao ténis onde é um conhecido comentador e dá voz a uma série da Netflix denominada de «Nunca Digas Nunca» que conta a história de uma muçulmana que quer conquistar o rapaz dos seus sonhos no liceu. John McEnroe assume o papel de ‘voz off” e narra os acontecimentos numa série que vai buscar muitas referência ao que o próprio Jonh McEnroe foi como tenista.

John McEnroe foi ainda protagonista de inúmeros protestos contra Margaret Court  e querem mesmo que a arena que tem o seu nome, na Austrália, não tenha mais o nome da recordista de torneios do Grand Slam sendo que o próprio McEnroe já manifestou, publicamente, o desejo que Serena Williams ultrapasse a australiana na ilustre lista de tenistas com mais Grand Slams.

Ao todo, na sua carreira, John McEnroe venceu 77 títulos na variante singular e outros tantos na variante de pares sendo que o seu nome estará sempre ligado ao ténis por tudo aquilo que foi o Homem e o tenista John McEnroe que ‘acompanha’ outros grandes nomes do ténis como René Lacoste, Don Dudge, Roland Garros, Boris Becker, Fred Perry e von Cramm, Margaret Court, Maria Sharapova entre muitos outros.

Jornalista de formação, apaixonado por literatura, viagens e desporto sem resistir ao jogo e universo dos courts. Iniciou a sua carreira profissional na agência Lusa com uma profícua passagem pela A BolaTV, tendo finalmente alcançado a cadeira que o realiza e entusiasma como redator no Bola Amarela desde abril de 2019. Os sonhos começam quando se agarram as oportunidades.