MarchMadness: oito motivos de interesse de um mês de março quente

Por José Morgado - Março 4, 2020
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Março é um mês louco para o desporto norte-americano. No famoso ‘MarchMadness’ decide-se o título universitário do basquetebol — um dos eventos desportivos mais vistos e acompanhados em todo o país — mas o ténis também costuma contribuir para a ‘festa’, com a realização dos dois maiores torneios de ténis do calendário regular depois dos Grand Slams em plenas terras de Tio Sam: Indian Wells, na Califórnia, e Miami, na Flórida, são irmãos de personalidades e dinâmicas bem diferentes e isso faz deste mês ainda mais interessante…

Decidimos elencar as razões pelas quais este mês de março é verdadeiramente imperdível…

1 – TÃO DIFERENTES, MAS IGUALMENTE INCRÍVEIS. Uma das melhores coisas sobre o mês de março no calendário tenístico é o facto de Indian Wells e Miami, dois eventos que têm exatamente o mesmo valor em termos pontuais, serem provas tão distintas no que diz respeito às suas caraterísticas: o clima — seco no deserto da Califórnia e húmido na Florida, com efeitos diretos nas condições de jogo — e o público — mais velho e tradicional em Indian Wells, mais fogoso e internacional em Miami — são os dois aspetos que mais se destacam.

Por essa razão (e não só…), torna-se muito complicado triunfar nos dois torneios de forma consecutiva e contam-se pelos dedos das mãos os tenistas — homens e mulheres — que conseguiram fazê-lo na história. Os casos mais recentes foram de Novak Djokovic, Roger Federer e Victoria Azarenka.

Estes dois irmãos são diferentes mas igualmente fantásticos, sendo que em termos de condições para os jogadores Miami conseguiu dar um salto de qualidade em 2019, ao transferir o evento de Key Biscane para o recinto de um estádio de futebol, o HardRock Stadium. Este ano, há direito a teleférico nos treinos e tudo…

2 – NÚMERO UM ATP EM JOGO! Tem de ser naturalmente um dos pontos de interesse para o mês que agora começa. Tal como na recente semana de Dubai e Acapulco, a liderança do ranking volta a estar em jogo já em Indian Wells. Djokovic tem 370 pontos de vantagem e defende muito menos (45) do que Nadal (360), mas as chances de Nadal existem e, dependendo do que aconteça em Indian Wells, podem crescer ainda mais para Miami, onde… não defende pontos.

Recorde-se que Novak Djokovic soma nesta altura 280 semanas no topo do ranking. Está a seis de Pete Sampras (286) e a 30 de Roger Federer, o recordista, com 310. Se sobreviver a Indian Wells como número um chegará, no mínimo, às 24.

3 – THIEM À ALTURA? Pela primeira vez na sua carreira, Dominic Thiem vai defender um título Masters 1000. O austríaco de 26 anos chega a Indian Wells… no seu melhor ranking de sempre, o terceiro posto, e depois de ter sido vice-campeão no primeiro Grand Slam de 2020, onde esteve a um set do título. Conseguirá Domi fixar-se no top 3 ATP agora que Federer está ausente por lesão?

4 – WILD, ALCARAZ E MUITA JUVENTUDE. Estes dois super-eventos de março também servirão para rever alguns dos jovens que brilharam no mês de fevereiro, a começar por Thiago Wild, brasileiro que se tornou no primeiro miúdo de 2000 a ganhar um torneio ATP, ou Felix Auger-Aliassime, que é o único sub-21 com mais pontos somados do que o brasileiro em 2020. O brasileiro tem já um desafio interessante na Taça Davis diante da Austrália, em Adelaide…

Nota também para o prodígio Carlos Alcaraz, que recebeu convite para a fase de qualificação tanto em Indian Wells como em Miami. Será interessante ver se conseguirá, pelo menos, qualificar-se para um dos quadros em questão.

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5. JOÃO SOUSA À CAÇA DAS VITÓRIAS. Para nós portugueses, a ânsia é de que João Sousa volte às vitórias. E esse regresso vai, se tudo correr bem, acontecer já este fim-de-semana na eliminatória da Davis na Lituânia. Depois, seguem-se os Masters 1000 de março, onde o vimaranense é o único português com entrada direta garantida. Pedro Sousa e João Domingues devem disputar as fases de qualificação.

6. QUE SERENA TEREMOS? Indian Wells e Miami marca também o regresso de Serena Williams aos courts depois do ‘flop’ do Australian Open e da primeira derrota da carreira em singulares na Fed Cup, logo depois. A norte-americana voltou aos títulos em Auckland, na primeira semana de 2020, mas dá ideia que precisa de um grande título. Não ganha em Indian Wells desde 2001 (fez boicote ao torneio durante 14 anos), mas tem oito troféus em Miami…

7. REGRESSA BIANCA ANDREESCU. Parece que finalmente a jovem canadiana Bianca Andreescu, de 19 anos, vai voltar ao ténis. Sem competir desde outubro, Bibi cometeu a proeza de subir ao quarto posto do ranking tendo jogado somente oito torneios nos últimos 12 meses. Mas quase tudo o que joga… ganha. Em Indian Wells vai ter a pressão adicional da defesa do título. Conseguirá suportá-la?

 

8. MUITOS E BONS PARES. Os Masters 1000 de março contam sempre com muita animação nos quadros de pares, já que os melhores jogadores de singulares, por terem um dia de descanso, optam por jogar também na variante de pares, acrescentando uma espécie de ‘star quality’ à variante. Djokovic, Nadal, Tsitsipas, Thiem, Medvedev e Zverev, por exemplo, estão todos confirmados em Indian Wells.

Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 13 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: josemorgado@bolamarela.pt