Lehecka: «Foi muito importante jogar diferente do que fiz na Austrália»

Por José Morgado - Fevereiro 4, 2023

Jiri Lehecka ofereceu este sábado o primeiro ponto à República Checa no Playoff de qualificação para as Davis Cup Finals diante de Portugal, na Maia, e no final do encontro estava naturalmente contente e orgulhoso pela forma como se exibiu em condições adversas.

ENCONTRO DIFÍCIL

Foi um encontro muito difícil, num grande ambiente, fora de casa. Penso que fiz um bom encontro adaptando-me a condições que são totalmente distintas da Austrália. O court, as bolas, o calor, a longa viagem. Foi duro.

DIFERENTE DA AUSTRÁLIA

Foi muito importante tentar jogar um pouco diferente do que joguei na Austrália. É em terra, está mais frio. Foi uma das razões pelas quais fui capaz de encontrar um ritmo perfeito. Ainda estava a tentar segurar o meu serviço, focar-me no serviço. Diria que a forma como estava a jogar na linha da fundo estava bastante bem. Quando tive break points por vezes fui passivo e ele jogou muito bem quando eu os tive. Ele estava a jogar grande ténis. Ele é daqui e senti que estava a aproveitar o apoio, não desistiu nunca. Foi um encontro difícil para mim, mas fico feliz pela vitória.

IMPRESSÕES SOBRE NUNO BORGES

Vi-o jogar umas vezes mas nunca treinámos juntos. Foi um pouco um novo tenista para explorar. Diria que a sua direita é jma arma muito boa. Pode cometer alguns erros, mas pode jogar alguns pontos muito bons, disparar a paralela. E a esquerda é muito sólida. São dois fatores importantes para jogar desta maneira. É por isso que está perto do top 100 e já lá esteve. Acho que, para mim, neste encontro, o mais importante é que servi muito melhor e na resposta não cometi muitos erros não forçados.

DOIS MAUS JOGOS DE SERVIÇO COM BREAKS ACIMA

No primeiro set, diria que o 5-3 foi o pior jogo do encontro para mim. Senti, não a pressão, mas que o meu jogo estava num momento crucial e tive flashbacks da Austrália e de como devia jogar. Essas coisas não resultam aqui e por isso é que cometi vários erros não forçados na direita, que é inaceitável neste nível. Fico feliz por ter ultrapassado este momento difícil. Concentrei-me e quebrei-o de novo. NO segundo set apressei-me um pouco quando ele teve break point, não fui muito paciente. Ele jogou algum bom ténis também no segundo set.

Lehecka bate Nuno Borges e República Checa lidera na luta pelas Davis Cup Finals

MAIS FORTE MENTALMENTE

Tenho melhorado muito no lado mental no último meio ano. No US Open do ano passado, não estava a jogar bom ténis e não me sentia muito confiante. Depois nas Next Gen Finals, fiz uma preparação muito boa física, fiz uma grande pré-época, fui para Austrália muito confiante e vimos como eu era capaz de jogar. Aqui é um bocadinho diferente porque é Taça Davis e o ranking não significa nada. Vimos Mejía contra o Evans, outros resultados do tipo. Ainda por cima, ele estava a jogar em casa e isso é uma grande arma e vantagem para ele. O mais importante foi focar-me em mim, não dar aos adeptos portugueses espaço na minha cabeça. Nos momentos cruciais fi-lo bem e foi por isso que ganhei.

DOIS TÍTULOS CHECOS NA ÚLTIMA DÉCADA

Vi as duas conquistas da Davis. Ainda era muito jovem para ter o ténis como prioridade número um. Era só um hobbie para mim, só desfrutava o que via na televisão. Sinceramente, foi uma das razões pelas quais quis jogar ténis. Viver estes momentos tal como eles viveram. É a minha grande motivação. Ter a O2 Arena em Praga, onde podem estar 19 mil pessoas, experienciar isso e ganhar a Davis lá é incrível. É uma das razões pelas quais adoro a Taça Davis.

DISPONÍVEL PARA OS PARES

Depende do capitão. A nomeação está como está. Vamos ver depois do Tomas e falar de novo sobre o que será melhor para a equipa. Não posso dizer se vou jogar ou não, isso está na cabeça do treinador. É muito importante para nós ver como é que este encontro do Machac vai terminar. Para mim, jogar pares pela República Checa é sempre um grande privilégio. No passado, algumas eliminatórias tive uma desvantagem de não ter especialistas de pares, mas agora temos o Adam aqui, que teve um salto incrível para o top 100. É uma das razões pelas quais nos podemos sentir mais confiantes nos pares. É por isso que ele está aqui. Vamos ver.

 

Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 13 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: josemorgado@bolamarela.pt