Lee: «Sempre gozaram com o facto de ser surdo. Diziam-me para jogar contra pessoas com deficiência»

Por José Morgado - Agosto 20, 2019
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Duck Hee Lee está a ser uma das histórias da semana no ténis mundial. O sul-coreano de 21 anos, antigo top 10 mundial de juniores, tornou-se esta segunda-feira no primeiro tenista surdo da história a ganhar um encontro em quadros principais ATP.

O jovem nasceu surdo, sempre teve limitações na aprendizagem da modalidade, mas é dono de um talento raro que lhe tem permitido desde muito jovem bater-se com os melhores jogadores do Mundo do seu escalão… sem qualquer tipo de deficiência. “A minha mensagem para os deficientes auditivos é que nunca desanimem. Se tiverem os meios, podem fazer qualquer coisa”, disse Lee, atual 212.º do ranking mundial e que atem jogado essencialmente Challengers e qualifyings de grandes torneios.

A deficiência torna a sua presença no court difícil, já que não ouve os juízes de linha nem os anúncios de pontuação do árbitro de cadeira e tem que recorrer a gestos para evitar confusão. Lee também não se apercebe do som das bolas. “As pessoas gozavam comigo por causa da minha deficiência e diziam que não deveria estar a jogar a este nível. Que deveria jogar com pessoas com deficiência. Foi muito difícil, mas tive a ajuda dos amigos e familiares para continuar. Queria mostrar a todos que poderia fazê-lo”, disse Lee, após a sua vitória.

Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 13 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: josemorgado@bolamarela.pt