Lagos: «Dakar rebentou com tudo, fui ao fundo mas resolvi arrancar de novo»

Por admin - Fevereiro 27, 2016

Numa entrevista realizada pelo Diário de Notícias, João Lagos falou do passado, do presente e do futuro. O ex-diretor do Estoril Open está de volta aos negócios e já tem novo projeto planeado, a Copa Ibérica Spring Sports Festival.

“Fui ao fundo. Mais falido menos falido, meio reformado e um bocado enxovalhado, mas agora resolvi arrancar de novo.” Sem capacidade monetária para montar o projeto sozinho, Lagos aliou-se ao Jamor, a antigos colaboradores e a Roberto Durão, atleta olímpico de pentatlo. “Vai ser completamente informal, sem bilhetes. É preciso que o São Pedro ajude nesses quatro dias do fim de semana de Páscoa, para ir muita gente.”

O evento vai realizar-se no Jamor e trata-se de um upgrade da antiga Copa Ibérica. Para além do tradicional torneio de ténis de veteranos, o evento vai reunir mais modalidades, como o golfe, râguebi, e hóquei, e ainda um palco com música com roulottes de street food e stand ligados à saúde.

Apesar do entusiasmo, João Lagos avança com prudência:  “Quero recomeçar devagar, a pulso e aproveitar a disponibilidade e boa vontade dos colaboradores que entendem estar comigo e ajudar-me a subir, que reconhecem que fui importante para eles, como eles o foram para mim. Vamos tentar pôr este evento de pé. (…) Vamos ver o efeito. Pode ser trampolim para outras iniciativas, mas com mais cuidado, sobretudo na gestão financeira.”.

O empresário não esquece os problemas que o levaram à falência e a perder a gestão do único torneio ATP disputado no nosso país: “Tínhamos a empresa bem estruturada, mais de 80 pessoas a trabalhar, fazíamos muitas coisas naquela altura – ténis, golfe, hipismo, a vela veio mais tarde. Quando o Dakar estoirou, em 2008, e foi um estrondo monumental, rebentou com tudo.” Na altura fez de tudo para que o evento não fosse cancelado, até porque já tinha investimentos realizados a contar com o retorno do Dakar. “Talvez tenha acelerado demais, estava a contar com esse cash-flow… e de repente fiquei sem chão. Prejudicou a minha vida toda.”

Ainda assim, João Lagos não desistiu e foi apenas em 2014 que se viu obrigado a abandonar todos os seus projetos. Lagos ainda tentou criar uma sociedade com Benno Van Veggel, que faz parte da atual gestão do Estoril Open, mas viu a sua proposta recusada.

O torneio está agora nas mãos da 3Love, que pertence à U.COM, a Van Veggel e à Polaris. A substituir João Lagos como diretor do torneio está João Zilhão, antigo protégé de Lagos: “Ele começou comigo, a apanhar bolas, eu estava a preparar tudo para ele me suceder… Sou muito amigo da família, do pai dele. Foi uma traição.”

Para Lagos o importante é seguir em frente, e trabalhar, pode fazê-lo em qualquer lado: “Faço o que tenho a fazer onde estiver; tenho o computador, o iPad, estes telefones modernos. Quando comecei, havia poucas hipóteses de recorrer a outsourcing, nós é que tínhamos de inventar e fazer: os serviços VIP, o vallet parking, coisas que acrescentam estrelas aos eventos. Hoje sou capaz de fazer quase tudo sozinho, contrato o que preciso fora. Há muita miudagem muito querida que cresceu na minha empresa e entretanto criou negócios.”