Kyrgios: «Nenhum tenista que não seja australiano entende aquilo por que passamos»

Por Pedro Gonçalo Pinto - Dezembro 22, 2022

Nick Kyrgios abriu o coração numa entrevista ao Eurosport, onde explica o porquê de dizer que se ganhar um Grand Slam, provavelmente coloca um ponto final na carreira. O australiano sente-se esgotado pela vida no circuito ser mais difícil por ser do país de onde é e explica a dureza do dia-a-dia.

SE GANHAR UM GRAND SLAM PROVAVELMENTE… RETIRA-SE

Sinceramente, se ganhasse o mais provável era retirar-me. Sobretudo porque venho da Austrália e no ténis há imensas viagens, passas muito tempo longe da família e amigos. Estás a perder muitos grandes momentos com a família e longe de ter uma vida normal.

EXIGÊNCIA DE SER AUSTRALIANO

Nenhum tenista que não seja australiano entende aquilo por que passamos. Perder ou ganhar um torneio é fácil para um europeu ou americano, já que depois apanhas um voo de cinco horas e estás em casa. Como australiano, tens de estar quatro a sete meses em viagem. Não é saudável. Nenhum outro desportista do Mundo faz isto em nenhum outro desporto. As pessoas perguntam por que me queixo… Não é o que pensam. Estás a viver a tua vida numa mala, em hotéis, mas não é de férias. Tens de ir ao court, treinar, é um estilo de vida que requer muita energia.

EXAUSTO DA VIDA DO TÉNIS

É claro que é mais fácil se estivermos a ganhar. Mas estou exausto. É tudo muito stressante. Quanto mais ganhas, mais exigências tens fora do court, as pessoas esperam mais de ti. Foi um ano stressante, sem dúvida. Lidei com as coisas muito melhor e também houve coisas divertidas, é verdade.

PRESSÃO NO AUSTRALIAN OPEN

Tento pensar que o Australian Open é só mais um torneio. Mas claro que é muito mais do que isso para as pessoas à minha volta. Tenho três semanas para o meu corpo ficar pronto e sinta que o meu ténis está em sintonia. Sinceramente, tenho mais vontade que isto tudo acabe de que comece. De certa maneira quero que acabe porque sei como é stressante estar debaixo dos holofotes. Até os dias de descanso são esgotantes porque provavelmente jogo pares. Há alguma coisa de emoção, mas diria que é 95% de stress e 5% de emoção.

O ténis entrou na minha vida no momento em que comecei a jogar aos 7 anos. E a ligação com o jornalismo chegou no momento em que, ainda no primeiro ano de faculdade, me juntei ao Bola Amarela. O caminho seguiu com quase nove anos no Jornal Record, com o qual continuo a colaborar mesmo depois de sair no início de 2022, num percurso que teve um Mundial de futebol e vários Europeus. Um ano antes, deu-se o regresso ao Bola Amarela, sendo que sou comentador - de ténis, claro está - na Sport TV desde 2016. Jornalismo e ténis. Sempre juntos. Email: pedropinto@bolamarela.pt