Histórica Ons Jabeur já foi treinada pelo português Luís de Sousa: «Tem muito talento»
Ons Jabeur fez história ao tornar-se na primeira jogadora árabe a apurar-se para os quartos de final de um torneio do Grand Slam no Australian Open, esta semana. E o que é certo é que o seu percurso já contou com ensinamentos portugueses. Luís de Sousa, ex-diretor técnico da Federação tunisina, já treinou a jovem “talentosa”de 25 anos e contou ao Bola Amarela como correu a experiência, nomeadamente quando vieram juntos participar no Portugal Open, em 2014.
“Trabalhei com a Ons na Tunísia, porque eu era diretor técnico da Federação. Estive com ela na Fed Cup, ela trabalhava na Federação e mais tarde vim ao Estoril Open [então Portugal Open] porque o João Lagos ofereceu-lhe um wildcard. Na primeira ronda até jogou com a Maria João Koehler, ganhou facilmente, e depois perdeu na segunda ronda”, sublinhou o técnico português, aludindo ao triunfo conquistado no tão famoso Centralito, no Jamor, perante a portuense, por 6-3 e 6-1, e não esquecendo, claro, o passado.
“Ganhou Roland Garros em juniores, na altura em que eu estava na Tunísia também. É uma jogadora com um potencial enorme e a partir do momento em que casou com o Karim Kamoun, atual preparador físico, estabilizou emocionalmente e começou a fazer resultados. Está a fazer um grande torneio na Austrália”, referiu Luís de Sousa.
À procura da presença nas meias-finais do Open da Austrália, Jabeur, atualmente colocada no 78.º posto do ranking WTA, mede forças em Melbourne com a ainda mais jovem norte-americana Sofia Kenin, de 21 anos e número 15 mundial, na Rod Laver Arena. Um momento que vai ser acompanhado religiosamente na Tunísia. Porquê? Porque os feitos históricos podem não ficar por aqui.
“Os quartos de final num torneio do Grand Slam para uma jogadora árabe é uma novidade em África. Os árabes já tiveram bons jogadores, nomeadamente marroquinos, atingiram rankings muito bons a nível mundial. Quanto às jogadoras, ela é a melhor jogadora árabe de todos os tempos, não só em juniores como agora no WTA Tour. O ténis nos países árabes ainda é um desporto que não é muito fácil de jogar, especialmente a partir dos 14 anos”, relatou o técnico, explicando também que nem tudo são rosas.
“O problema dela na transição de júnior para sénior foi exatamente de instabilidade, porque o marido estava a viver no Qatar e ela andava sozinha. Tem muito talento, mas tem também alguns problemas de peso. Aumenta facilmente de peso. Lembro-me que na altura em que estava comigo foi operada ao calcanhar e num mês aumentou logo cinco ou seis quilos. Tem um ténis de risco, joga muito chapado e, portanto, pode perder num dia menos bom com uma jogadora com ranking inferior”, rematou Luís de Sousa.
Recorde-se que, em caso de vitória em Melbourne, Ons Jabeur tem pela frente a vencedora do compromisso entre a australiana Ashleigh Barty, número um mundial, e a checa Petra Kvitova.