Halep e o adeus: «Cheguei a um esgotamento emocional, isto já não fazia sentido»

Por Nuno Chaves - Fevereiro 10, 2025

Simona Halep surpreendeu tudo e todos ao anunciar o final da sua carreira, assim que perdeu o encontro de estreia no WTA 250 de Cluj, na última semana.

A antiga número um mundial enfrentava uma difícil lesão no joelho, nunca conseguiu recuperar a 100% e, numa entrevista ao 30-0, explicou os motivos que a levaram a tomar esta decisão.

ALIVIADA COM ADEUS AO TÉNIS

Não sei porque todos têm medo deste momento, eu sinto-me bem, apesar de daqui a uns dias fique tudo mais difícil, talvez. Para mim é uma libertação, foi muito difícil, não sou o tipo de pessoa que entra em court só para estar aí. Nem sequer pude treinar! Antes de vir aqui, o máximo que pude fazer foi treinar uma hora por dia em terra batida. Obviamente que é preciso muito mais para ir para um encontro completo. Dói-me o joelho, dói-me o ombro, cheguei a um esgotamento emocional. Já não fazia sentido isto, não encontro nenhum motivo para me chatear mais, o que não posso é estar a jogar ténis para lutar pelo top 100. Para estar no topo há que trabalhar como uma cadela e eu não consigo fazer mais.

QUANDO PERCEBEU QUE O FIM ESTAVA A CHEGAR

Dei conta quando me disseram que para resolver a minha lesão do joelho ia precisar de fazer um implante com uma recuperação de ano e meio mas também não me garantiram que pudesse voltar a competir como antes. O meu objetivo sempre foi evitar a cirurgia, queria jogar o máximo possível mas sem ser operada porque quando te operas nada é igual. Talvez dentro de um ano estranhe tudo isto e volte, agora estão a voltar muitas atletas, por isso, nunca se sabe, talvez daqui a um tempo veja as coisas de uma forma diferente.

SATISFEITA COM A CARREIRA

Não levo nada de negativo neste desporto, isto é uma paixão, uma meta na vida, era o meu destino. Durante 30 anos só me concentrei no ténis, isso foi tudo mas não me arrependo. Se voltasse a nascer faria o mesmo. Gosto de ter o poder para dizer basta, aceitar que chegou o momento. Por isso não me arrependo de nada, só fico com o bonito, os dois Grand Slams, o número um e outros tantos torneios vencidos. 

EPISÓDIO DO DOPING

Até ao momento da suspensão não acreditava no mal. Foi aí que dei conta de que há muito mal neste mundo. As pessoas perguntam-me se eu sinto necessidade de me vingar mas não, peço desculpa. Nem mesmo com quem teve essas más intenções. Estou em paz por não ter feito nada de mal, quero continuar limpa e tranquila, quando estás bem por dentro na vida és mais pura. Depois de tudo o que passei posso dizer que ainda tenho forças para seguir e sorrir, isso quer dizer que estou num bom lugar.

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Jornalista na TVI; Licenciado em Ciências da Comunicação na UAL; Ténis sempre, mas sempre em primeiro lugar.