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A final mais longa de sempre aconteceu em Roma
Ele há coisas que só visto, porque contadas ninguém acredita. Ainda assim, aceitamos correr o risco e contar a insólita e incrível história por detrás da final de ténis mais longa de sempre. Tão longa, tão longa, que demorou, pasme-se, 108 dias a ser concluída e foi disputada em dois continentes diferentes. Difícil de acreditar? Nós bem avisámos.
Estávamos em 1976, mais precisamente no dia 30 de maio, e a final de pares do torneio de Roma parecia bem encaminhada para dupla australiana composta por John Newcombe e Geoff Masters, que venceu o primeiro set no tie break, diante do mexicano Raul Ramirez e do norte-americano Brian Gottfriend, os principais candidatos à vitória, ou não fossem o par número um do mundo e não tivessem sido coroados campeões no Foro Italico nos dois últimos anos.
Pois bem, conhecedores da terra que pisavam, Ramirez e Gottfriend não se deixaram ficar e devolveram a cortesia, com um 7-5. Mais um toma-lá-dá-cá de cada uma das duplas e o quinto set tornou-se inevitável, com o marcador fixado em 7-6, 5-7, 6-3 e 3-6. Os astros pareciam alinhados a favor do efervescente público italiano que comprou bilhete naquele dia, mas a (falta de) luz solar veio estragar os planos aos presentes, sobretudo à organização, que foi obrigada a improvisar, e de que maneira, para resolver o imbróglio que tinha entre mãos.
Perante a discussão sobre a possibilidade de o embate continuar mesmo com a escuridão a baixar sobre o Foro Italico, os responsáveis pela prova transalpina saíram-se com aquela que consideraram a mais iluminada das ideias: não se jogaria mais naquele dia, mas sim durante o US Professional Championship, disputado em Houston, no Texas, no mês de setembro.
Depois de consultadas as agendas, os quatro chegaram a acordo e, no dia 15 de setembro, 108 dias após o início da final que é ainda hoje a mais longa da história da modalidade (interrupção incluída), Newcombe, Masers, Ramirez e Gottfriend voltaram a encontrar-se. Num continente diferente e a cerca de nove mil quilómetro de distância do Foro Italico, a dupla favorita entrou de rompante, vencendo os três primeiros jogos, mas os australianos pagaram na mesma moeda.
A igualdade, no entanto, não se estendeu durante muito tempo no court coberto do Woodlands Inn, já que no oitavo jogo Newcombe não impediu a quebra, vendo Ramirez e Gottfriend conquistar a quinta partida por 6-3 e o terceiro título consecutivo em Roma (salvo seja). Estava desfeito o enguiço que começara quatro meses antes.
“Ficámos surpreendidos por termos começado tão bem, e conseguir gerir a vantagem. De qualquer maneira, não deu para delimitar uma estratégia com apenas um set para jogar. O Newcombe e o Masters não jogaram qualquer torneio desde Itália e isso é, sem dúvida, injusto”, fez questão de salientar Gottfried, que não esqueceu a ausência do troféu no momento em que a vitória foi consumada.
“Ganhámos o Open de Itália no Texas, e o troféu espera-nos em Roma”. No ano seguinte, foram levantar o prémio à capital italiana e, aproveitando a viagem, conquistaram mais um título, o quarto. Desta feita, sem interrupções.
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