Esquema de apostas online: O testemunho dos jogadores nacionais

Por admin - Setembro 30, 2015
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O jornal a Marca deixou, esta terça-feira, os futebolismos de lado para denunciar na primeira página, em letras garrafais e sem recurso a floreados, “A Máfia no Ténis” . O esquema de apostas online, feitas através do telemóvel em pleno court, que tem atormentado os torneios espanhóis de categoria inferior: Challengers, Futures e, em especial, os ITF femininos.

O fenómeno fraudulento tem crescido a olhos vistos no país vizinho mas, por cá, há também histórias que merecem ser ouvidas. Trata-se de uma realidade que não escolhe nacionalidades e a que nenhum jogador está alheio, porque, como confessou Frederico Silva ao Bola Amarela, “é um assunto que tem vindo a ser bastante comentado no circuito”, o que faz com que tenha ouvido “falar de algumas histórias” que envolvem a manipulação de resultados.

Histórias, essas, às quais junta as suas. “Já me abordaram também para fixação de resultados”, admitiu o jogador das Caldas da Rainha. “Normalmente, criam um perfil falso no Facebook e abordam os jogadores por aí. Obviamente que eu respondi que não estava interessado e não me voltaram a dizer nada”, contou o jogador de 20 anos.


Gil, Falcão e as histórias que não acabam

No circuito há 12 anos, Frederico Gil não precisou de recuar muito no tempo para relembrar um episódio que aconteceu consigo, em Itália, outros dos países com forte ligação a casos de corrupção. “Em 2010 recebi uma mensagem no facebook a oferecer-me dinheiro para perder na 1.ª ronda do Challenger de Roma com Alessio Di Mauro, que mais tarde foi  apanhado no escândalo das apostas”, explicou o sintrense à A Bola. Gil não menciona qualquer valor, mas o jornal afirma ter-se falado em 300 mil euros.

“No final da partida, que ganhei, o supervisor da ATP, Carmelo di Dio, entrou no campo e perguntou-me se tinha recebido a dita mensagem. Fui para um gabinete e contei tudo ao responsável da Unidade de Integridade para o Ténis [UTI], à qual somos obrigados a reportar”, acrescentou o jogador de 30 anos, referenciando ainda o caso de Boris Pashanski, a quem ofereceram 25 mil dólares para perder consigo.


Há jogadores que aceitam porque é dinheiro fácil para quem precisa dele para continuar a competir


Três anos mais novo, mas também com muito para contar, Gonçalo Falcão diz ter consciência de que “as duas ou três vezes” que o abordaram não serão as únicas. “Uma vez, na Croácia, ofereceram-me dois ou três mil euros através de uma mensagem do Facebook. O discurso era de que ninguém ia saber, que era dinheiro na mão. São pessoas ligadas ao ténis. Há jogadores que aceitam porque é dinheiro fácil para quem precisa dele para continuar a competir”, contou o jogador de 27 anos à A Bola, acrescentando que reportou o incidente à entidade que tutela a integridade do ténis.


Bárbara, Maria João e Rui à margem do mal

Bem mais pacífico tem sido o percurso de Bárbara Luz Medeiros no que toca a assuntos que envolvem apostas. A bicampeã nacional assegura que nunca foi aliciada para perder encontros em troca de dinheiro. “Felizmente não passei por nenhuma história semelhante”, confessou-nos.

Caso feliz é também o de Maria João Koehler, conforme se pode comprovar na edição de hoje do Record: “Já ouvi falar de alguns casos de apostas de espectadores que tiveram de abandonar o recinto de jogo como aconteceu em Madrid, mas comigo nunca se passou nada”. À A Bola, a portuense confessa mesmo ter sido algo de recados insultuosos: “[…] recebi mensagens no Facebook a insultarem-me e a ameaçarem a minha família de morte”

Rui Machado junta-se ao lote de jogadores que se tem conseguido manter à margem dos “agentes do mal”, confessando ao jornal A Bola que o mais próximo que teve de uma situação semelhante “foi num torneio em Portugal”, em que “soube que havia alguém nas bancadas a aliciar jogadores”, tendo o individuo acabado por ser expulso. O algarvio diz ainda ter já recebido mensagens “que se percebem ser de apostadores zangados” por terem perdido dinheiro com os seus resultados.