Del Potro está no Rio, lembrou semana olímpica de 2016 e elogio Fonseca: «É espetacular»

Por José Morgado - Fevereiro 21, 2025
Del Potro

RIO DE JANEIRO. BRASIL. Juan Martín Del Potro, uma das figuras mais importantes do ténis mundial — e seguramente a mais importante do ténis sul-americano — dos últimos 15 anos, está de visita ao Rio Open, torneio onde nunca competiu (estava inscrito em 2022, ano em que acabou por se retirar na semana anterior após Buenos Aires. A Torre de Tandil, duas vezes campeão do Estoril Open nos tempos em que se jogava no Jamor, não fugiu a nenhum assunto em conversa com os jornalistas que encheram a sala de conferências de imprensa para recebê-lo.

RIO É ESPECIAL

Nunca joguei este torneio, mas a semana que tive aqui nos Jogos Olímpicos em 2016 foi uma das mais felizes da minha carreira. A vitória sobre o Djokovic na primeira ronda, as meias-finais diante do Nadal. A medalha. Memorável. Penso que acabei um pouco com aquela rivalidade Argentina-Brasil do futebol. Sinto-me amado aqui.

FONSECA TAMBÉM É ADORADO EM BUENOS AIRES

Penso que o mesmo pode acontecer com o Fonseca, mas ao contrário. Acho que as pessoas na Argentina o adoraram, pelo seu carisma. Pelo seu ténis. Ele é espetacular. O que tem feito tão jovem, a sua velocidade, a maneira como bate na bola. É incrível. Espero que ele possa ser a estrela que o ténis sul-americano precisa.

ATP PRECISA DE OLHAR MAIS PARA ESTA REGIÃO

Nós temos tradição e temos fãs. Não há fãs como estes. Não há paixão como na Argentina, Brasil e Chile. Basta ver a Davis. Pode ser que ter uma grande estrela como o Fonseca ajude…

COMO SE SENTE NO PÓS-TÉNIS

Só desde dezembro, quando joguei o meu encontro de despedida diante do Djokovic em Buenos Aires, é que me sinto de facto um ex-jogador. Até então ainda tinha algumas esperanças. Hoje em dia os meus dias são bem diferentes. Aos poucos estou a ir a mais torneios de ténis, a reencontrar jogadores, a dar umas palestras. Mas hoje em dia tenho mais tempo para fazer outras coisas, investir o meu tempo noutras pessoas e negócios. Passo muito tempo em Tandil.

O QUE LHE FALTA PARA SER FELIZ?

Curar este joelho. Ainda tenho dores todos os dias. Oxalá possa recuperar essa qualidade de vida.

TREINADOR NO FUTURO?

Muitos jogadores pedem-me ajuda e eu dou, mas pensei que fosse mais fácil ser treinador do que na verdade é. É preciso muita paciência. Gostava de ajudar alguém um dia, mas não creio que a tempo inteiro. Quando nos retiramos do ténis não queremos voltar a viajar todas as semanas.

Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 16 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: jose_guerra_morgado@hotmail.com