Condições de Xangai levantam polémica: «Não se trata só de jogar ténis, é uma luta para sobreviver»

Por José Morgado - Outubro 5, 2025

O ATP de Xangai 2025 tem estado no centro das atenções não apenas pelo nível competitivo, mas pelas duras condições em que os jogadores estão a competir. A polémica começou após declarações contundentes de Alexander Zverev, número 3 do mundo, que acusou a organização dos torneios de preparar os pisos para favorecer jogadores como Carlos Alcaraz e Jannik Sinner. A resposta do italiano não tardou, rejeitando completamente tais insinuações.

Contudo, o debate sobre as condições do torneio chinês vai além da velocidade do court. Arthur Rinderknech, tenista francês, foi particularmente crítico ao descrever o ambiente em Xangai como “extremo” e “quase irrespirável”. “Confirmo, é difícil respirar em campo. Não sei se isso se nota na televisão, mas lá dentro é complicado desde o aquecimento. Há uma humidade absurda, pior do que nos Estados Unidos no verão”, afirmou Rinderknech ao L’Équipe.

O francês apontou também a poluição como fator agravante: “Sabemos que há muita poluição nas grandes cidades chinesas e isso provavelmente também não ajuda. Há uma camada de nuvens que sufoca tudo. E quando o sol aparece, a temperatura sobe facilmente acima dos 30 °C.”

Mais do que uma competição de ténis, Rinderknech descreveu o torneio como uma prova de resistência: “Esta semana há um torneio, mas há um elemento de luta que não tem nada a ver com o ténis. É uma questão de sobrevivência. O autocontrolo é essencial. Quando vejo os adeptos ensopados nas bancadas, penso: não somos os únicos a sofrer.”

Estas palavras refletem o esforço físico e mental exigido aos atletas, num torneio onde o calor, a humidade e a poluição se tornaram verdadeiros adversários.

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Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 16 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: jose_guerra_morgado@hotmail.com