Björn Borg levanta o véu sobre o seu passado de vício em cocaína

Por José Morgado - Setembro 19, 2025
borg
O ícone do ténis sueco dos anos 70, Björn Borg, falou do seu passado de vício em cocaína e de cancro da próstata, numa autobiografia publicada esta quinta-feira. Nas suas memórias, intituladas “Hjärtslag” (“Heartbeats: a memoir”), o antigo tenista de 69 anos revela vários anos de dependência e a sua luta contra os seus demónios”.

A primeira vez que experimentei cocaína, senti um pontapé tão forte como o que o ténis alguma vez me tinha dado”, escreve sobre a sua primeira dose, no início dos anos 80, no lendário clube noturno nova-iorquino Studio 54.

Os seus piores anos de dependência foram em Milão, quando era casado com a cantora italiana Loredana Bertè. “Nós (ele e a ex-mulher) tínhamos más companhias e (…) as drogas e os comprimidos (estavam) à mão, e aí mergulhei na mais profunda escuridão, conta.

Em 1996, desmaiou numa ponte nos Países Baixos, pouco antes de um jogo de veteranos, devido a uma grave crise de droga. Quando acordou no hospital, o seu pai estava à sua frente. Ele não disse nada, foi muito embaraçoso”, recordou esta quinta-feira, no programa Skavlan da televisão pública SVT. “Fiquei envergonhado como um cão”, assumiu.

No seu livro, revela também que teve cancro da próstata, descoberto em setembro de 2023.O risco de propagação existe e é algo com que vou ter de viver durante algum tempo, com a ansiedade de saber, de seis em seis meses, se o cancro foi detectado a tempo, diz Björn Borg.

Em Skavlan, diz que agora está de boa saúde e pratica desporto todos os dias. “Há seis anos que não jogo ténis”, admite.

Borg revolucionou o ténis ao vencer cinco vezes Wimbledon e seis vezes Roland Garros. Terminou a sua carreira aos 26 anos, em 1983.

Quando questionado sobre o doping no ténis, diz que “sabe que existe entre os juniores”. Borg menciona Jannik Sinner, o número 2 do mundo, que recomeçou a trabalhar com o seu antigo preparador físico Umberto Ferrara, que esteve envolvido nos seus testes positivos a um anabolizante que o levaram a uma suspensão de três meses do circuito. “Ele despediu um dos seus treinadores, o seu preparador físico. E depois, quando tudo se acalmou, readmitiu esse mesmo preparador físico, acho isso muito estranho. Não sei mais nada”, diz.

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Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 16 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: jose_guerra_morgado@hotmail.com