Bia Haddad Maia: «Sonhei e trabalhei para isto desde que comecei a jogar»
Beatriz Haddad Maia passou esta segunda-feira pela sala grande de conferências de imprensa de Roland Garros, onde se mostrou naturalmente muito orgulhosa pela qualificação para os quartos-de-final do maior torneio de terra batida do Mundo. A brasileira de 27 anos derrotou a espanhola Sara Sorribes Tormo em quase quatro horas de duelo.
FELIZ COM A VITÓRIA
Primeiro do que tudo estou muito contente por estar nos quartos-de-final. É um sonho. Desde que comecei a jogar que sonhei e trabalhei para momentos como este. Estou orgulhosa deste encontro e dos anteriores porque lutei bastante.
ESTAVA PREPARARA PARA ENCONTRO DURO
Preparo-me sempre para os momentos duros de cada encontro. Sabia que contra a Sara ela ia devolver muitas bolas. Tentei ser o mais agressiva possível, ir à rede o mais possível, mas tenho muita crença no meu corpo porque tenho trabalhado muito nesse aspeto também. O físico é uma das minhas vantagens e sinto que quando mais duram os encontros, mais chances tenho.
INFLUÊNCIA DE MARIA ESTHER BUENO
Conheci a Maria Esther Bueno, tenho uma foto com ela em Wimbledon e estivemos juntas em São Paulo. Falámos algumas vezes e ela inspirou-nos durante muitos anos. É uma mulher poderosa e eu tenho muito orgulho por representar o Brasil. Não me comparo nem com ela, nem com o Guga, que estão noutro patamar.
DORMIU MAL ANTES DESTE ENCONTRO
É de loucos porque esta noite não foi fácil para mim. Dormi 4 ou 5 horas e estava ansiosa. Há coisas que não podemos nem conseguimos controlar. Mas estou contente pela forma como geri isso tudo. Acho que mereço.
GUGA SEMPRE PRESENTE
Quando ele ganhou pela primeira vez, eu tinha 1 ano. Mas cresci a jogar no Brasil e a ouvir o nome dele. É a pessoa que fez diferença para o ténis no Brasil. Conheci-o quando eu era júnior e ele estava a acabar a sua carreira. Aprendi a jogar com o coração.
AS DUAS ESTAVAM NERVOSAS
Houve muitos nervos e muita emoção. Eu comecei bem mas depois ela começou a levantar a bola e eu não fui tão agressiva. Tentei entrar mais em court, ser mais agressiva e essa foi a mentalidade certa que eu utilizei para tentar mudar o rumo do encontro. Comecei a ver a luz ao fundo do túnel e isso deu-me forças.
‘HADDAD’ É NOME LIBANÊS
A minha bisavó é libanesa. Não tenho grandes relações, mas o meu nome é libanês.
OS SEUS ENCONTROS SÃO MARATONAS
Ténis não é uma corrida de 100 metros, é uma maratona. Especialmente os meus encontros. A minha mentalidade é nunca desistir e dar-me sempre mais uma chance a mim mesma. Hoje a chave foi estar calma e ter disciplina. Estamos em Roland Garros a jogar num grande court e há que lutar até ao fim.
MELHORIAS NA PARTE FÍSICA
Eu acho que a minha relação com o meu físico mudou com a minha mentalidade. Quando era mais jovem, o físico deixou-me na mão muitas vezes. Quando a mentalidade muda, começas a colocar a energia no lugar certo. Muitos dos problemas físicos são também mentais e tudo isto é resultado do meu trabalho diário com a minha equipa. Há uma comunicação boa entre os meus preparadores físicos e fisioterapeutas e isso é muito importante. Joguei quatro horas, não preciso de cinco sets. Está bem assim!
DUELO COM JABEUR
Passei por muitas dificuldades durante este torneio e por isso sinto-me preparada. Ela é favorita, já jogou finais de Grand Slam, a pressão está do lado dela mas estamos nos quartos-de-final de um Grand Slam. Há que subir o nível, ter coragem e treinar para melhorar. Vamos ver o que acontece.