Bagnis: «Djokovic coloca-se no lugar dos jogadores com limitações económicas»

Por José Morgado - Outubro 28, 2022

Facundo Bagnis, argentino que tem passado boa parte dos últimos anos dentro do top 100 mundial, deu uma entrevista muito interessante ao jornal argentino ‘La Nácion’ onde fala sobre a desigualdade no ténis e sobre como os jogadores de escalões secundários vivem em condições difíceis.

“É preciso agradecer por poder viver deste desporto, porque a vida que temos é magnífica. Trabalhamos muito e perdemos muitas coisas para estar aqui. Quem chegou onde chegou é porque mereceu, ninguém nos dá nada. Mas de facto os jogadores dos Futures têm vidas muito difíceis e diferentes da nossa”, lembrou o argentino.

Nesse sentido, Bagnis elogia o papel e o esforço de Novak Djokovic. “Em 2020 eu vivi o momento em que o Novak Djokovic criou a nova associação [Professional Tennis Players Association] e o ATP foi terrivelmente agressivo connosco para fazer com que não entrássemos. Hoje, o presidente do ATP [Andrea Gaudenzi] não tem nenhuma relação com os jogadores, pelo menos com aqueles que não estão no top 20. Perguntas a qualquer jogador que está por aí e eles vão até dizer que ele nem tem maneiras, nem sequer fala com os jogadores quando se cruza com eles porque não sabe quem são. Não peço que venha tomar café comigo todos os dias, mas pelo menos um cumprimento. Sou grato pelo que o Djokovic fez. Os jogadores têm que ter uma espécie de sindicato encarregado de conversar com o ATP. A federação que Djokovic criou ainda está em vigor, o trabalho está a ser feito porque é novo, é algo assustador e ainda não tem muita força. Mas eu vi-o super envolvido no torneio em Roma, em uma reunião de duas horas e meia, que não era obrigatória e ele estava a jogar no dia seguinte. As pessoas não têm a oportunidade de ver isso, mas eu vejo e tiro-lhe o chapéu. Ele está a colocar-se no lugar dos jogadores que têm limitações económicas e que podem ser mais prejudicados. Ele comete muitos erros e talvez não seja o favorito do público, mas eu não sou um fã. Sou um jogador, faço parte do circuito e estou-lhe muito grato.”
Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 16 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: jose_guerra_morgado@hotmail.com