Ash Barty: do ténis para o críquete… para o ténis!
Inversão de marcha para Ash Barty! A australiana vai voltar ao ténis depois de ter anunciado há 17 meses que ia trocar as raquetes de ténis pelo críquete.
Pelos vistos, o afastamento do ténis teve o condão de reativar a paixão da jogadora australiana pela modalidade.
Recordamos que Barty se deu a conhecer ao mundo tenístico quando venceu o torneio de Wimbledon, em juniores, com apenas 15 anos. Seguiu-se uma bem sucedida parceria nos pares com Casey Dellacqua que se consubstanciou num fantástico 2013: a dupla australiana chegou, nesse ano, às finais do Australian Open, de Wimbledon e do US Open. Alcançou um ranking máximo de 12ª na hierarquia de pares. Porém, nem sequer são essas as suas memórias de eleição desses tempos.
“O meu momento favorito foi quando venci o meu primeiro encontro da Fed Cup, contra a Suíça. Não há nada como representar a Austrália. Foi uma sensação fenomenal. Também foi fantástico alcançar as três finais de Grand Slam e a vitória em Wimbledon, em juniores. Mas jogar pela Austrália foi a cereja no topo do bolo, foi mesmo especial.”
Campeã de Wimbledon em juniores, finalista em três Majors e vencedora da Fed Cup. Tudo antes dos 18 anos. Tudo aconteceu muito rápido para Barty.
“Foi fenomenal mas talvez tenha acontecido demasiado rápido. Passei de não ser conhecida por ninguém a vencedora de Wimbledon e passado seis meses estava a jogar o Australian Open. Sinto que fui um pouco vítima do meu próprio sucesso.”
“Eu era muito nova mas este ano faço 20 anos e tenho uma perspetiva diferente sobre a vida e o ténis. Vou fazer as coisas mais à minha maneira. Se funcionar, ótimo, se não funcionar, não me posso queixar. No curto período em que competi tive uma excelente performance. Estou preparada para começar a lenta escalada pelos torneios ITF e espero depois poder passar para os torneios WTA.”
E agora não existirão atalhos para o sucesso.
“Podia ter aceite jogar com ranking protegido mas não é assim que quero fazer as coisas. Quero começar mesmo do zero.”
A decisão de Barty de se retirar com apenas 17 anos chocou muita gente. Ela estava a ter uma grande carreira nos pares e nos singulares, apesar de ser uma evolução mais gradual, também estava em franca progressão. Em 2013, ainda conseguiu chegar (em singulares) à segunda ronda em Roland Garros e em Wimbledon. Mas em 2014, o entusiasmo tinha desaparecido e para salvar a sua carreira, Barty decidiu suspendê-la indefinidamente.
“Eu adoro o ténis mas senti que se tornou algo quase robótico para mim. Queria estar a usufruir mas não conseguia. Por isso, foi o momento certo e a decisão certa. Passados 17 meses sinto que estou de novo fresca e pronta para a modalidade.”
Durante este afastamento do ténis, Barty virou-se para uma modalidade bem diferente mas muito popular no seu país: o críquete. Assinou contrato com o clube Brisbane Heat para jogar profissionalmente na Women’s Big Bash league.
“Foi uma oportunidade fantástica de fazer algo completamente diferente. O apoio que recebi desta modalidade foi espetacular. Gostei muito de competir com outras pessoas, noutra modalidade.”
Aos 19 anos, Ash Barty tinha já competido profissionalmente em duas modalidades. O que acaba por ser explicado pela grande habilidade natural desta atleta, pela sua fantástica coordenação motora e espírito competitivo. Mas eis que surge a decisão de voltar para o ténis.
Esta decisão não surgiu de um momento para o outro, ou seja, não se acendeu nenhuma luz na sua cabeça. Barty disse que decidir voltar ao ténis foi algo de gradual e que começou quando foi a Melbourne durante o último Australian Open e bateu umas bolas com atletas promissoras. Após isso, foi a Sydney onde também treinou com Dellacqua. À medida que treinava, sentia que melhorava a cada pancada e isso despertou a sua vontade de competir.
“Estou preparada para me comprometer totalmente ao ténis outra vez. É essa a única forma para mim e é por isso que vou começar lentamente. Não faz sentido saltar de novo para o circuito para perceber passados seis meses que não quero o ténis afinal. Da segunda vez que estás no ténis, sentes que aprendeste da primeira vez e consegues ter uma perspetiva melhor.”
Barty, para já, não irá trabalhar acompanhada de treinador.
“Conheço bem o meu jogo e sei aquilo em que devo trabalhar mais. Para já tenho de me focar em bater muitas bolas. Por isso, vou começar por estar a trabalhar sozinha batendo bolas com algumas pessoas. Depois dessa fase inicial, acredito que vá discutir com os responsáveis do ténis australiano para ver que passo dar a seguir.”
Nesta semana, Barty irá jogar pares num ITF Challenger em Perth.
“Está a ser um período muito excitante para o ténis australiano. Temos jogadoras de top como a Sam Stosur e a Daria Gavrilova e a Casey Dellacqua nos pares é top-5 do ranking. Estou muito entusiasmada por estar de volta e espero estar perto do nível dessas jogadoras rapidamente.”
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