This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.
Kyrgios: «Pela primeira vez, sinto que há uma razão para fazer o que faço»
Mas, um dia, o maior reguila do circuito mundial, que tinha a fama (e o proveito) de refilar com os árbitros e acumular multas por mau comportamento, percebeu que desperdiçar o seu talento era um dos maiores pecados do ténis atual. E atinou. Com o juízo vieram os triunfos, com os triunfos os títulos do Grand Slam, e com eles o inevitável número um mundial.
Para a história que Nick Kyrgios escreveu no ténis até então há inúmeros desfechos possíveis, mas o final feliz, por mais que cada um o tente criar à sua medida, só depende e pode ser escrito pela mão do próprio australiano. Por estes dias, Kyrgios pegou na caneta para revelar ao mundo, através do ‘Players Voice‘, que do confronto entre uma cabeça desassossegada e um coração são podem sair bons resultados.
“Qual é o objetivo de tudo isto? É a pergunta que tenho feito nos últimos dois anos”.
“As viagens, o tempo que passo longe dos que me são mais queridos, os ‘trolls’ nas redes sociais, as guerras com a imprensa, as rondas iniciais nos courts secundários quando tudo o que quero é voltar para Camberra para jogar FIFA com os meus amigos”.
A resposta tardou, mas chegou. “Encontrei o meu propósito nos últimos meses”, anuncia Kyrgios na plataforma digital onde atletas australianos dizem o que lhes corre na alma. “Pela primeira vez, sinto que há uma razão para fazer o que faço. A vida no ténis é ótima – somos bem pagos e as vantagens são muitas – mas pode fazer-nos sentir vazios se jogarmos apenas pelo dinheiro”.
“Há alguns anos tive uma visão: construir instalações para crianças desfavorecidas e sem recursos, onde estivessem em segurança e se sentissem como sendo parte de uma família. Havia courts de ténis e campos de basquetebol, ginásio e um campo oval para darem uns chutos na bola. Tinham comida e camas para dormir”.
“Quando estou a trabalhar na NK Foundation, a minha cabeça está com as crianças desfavorecidas”
Do sonho à realidade, o esticão é grande, mas a fantasia tem ajudado Kyrgios a manter os pés assentes no chão quando está no court. Quando não estou a jogar, a treinar ou viajar estou a trabalhar nisso”. A mãe e o irmão Christos são os seus cúmplices.
“Estamos à procura de terreno em Melbourne e a contactar organizações e empresas que se queiram associar. Este sonho vai tornar-se realidade. Quando estou a trabalhar na NK Foundation (Fundação Nick Kyrgios), a minha cabeça está com as crianças desfavorecidas. É por elas que eu jogo agora”.
Será esta a motivação de que precisava para se tornar no jogador que o seu talento denuncia e evitar desatinos como os desta semana em Xangai, que lhe custaram mais de 31 mil dólares? “Tudo o que posso dizer é que me sinto diferente cá dentro, e sei como posso canalizar a minha carreira – o dinheiro, a publicidade, a notoriedade – para algo com significado”.
- Categorias:
- ATP World Tour
- Fora de Linhas