Vacherot faz história em Xangai no “melhor dia da sua vida”

Por Tomás Almeida - Outubro 8, 2025

Como tão bem sabemos e tanto apreciamos, o ténis é uma modalidade pródiga em oferecer-nos surpresas quando menos esperamos por elas e hoje foi exemplo disso! O que se assistiu no fecho da jornada desta terça-feira em Xangai foi simplesmente mágico e merece todo o destaque.

O jogador monegasco de 26 anos Valentin Vacherot, que atualmente se encontra fora do top 200 mundial, foi protagonista de uma proeza sensacional no Masters 1000 chinês, ao garantir o apuramento para os primeiros quartos-de-final em torneios desta categoria após um épico triunfo consumado diante do neerlandês Tallon Griekspoor (31.°) por 4-6, 7-6(1) e 6-4.

Não acontecesse este resultado de hoje e a semana seguiria sem qualquer tipo de questão para um patamar privilegiado na carreira do monegasco. Pois bem, a verdade é que Vacherot não fez pretensões de se despedir já do continente asiático, continuou a sonhar bem alto e acrescentou uma página extraordinariamente especial quer para si como para o seu país, enquanto único representante masculino no ranking mundial, tornando-se no primeiro tenista na história do Principado do Mónaco a atingir os “quartos” num torneio de categoria ATP Masters 1000.

Se há uma semana fôssemos questionar o próprio sobre que imaginava estar a fazer no dia 7 de outubro, é certo que dizia qualquer coisa que não assegurar entrada no lote dos oito melhores jogadores da competição em Xangai, mas é aqui que está a magia do ténis! Nada fazia prever, no entanto quem conta a história é quem decide o rumo que lhe quer dar e Vacherot está a encantar na função de autor.

Esta prestação de um atleta que já esteve perto de uma entrada inédita no top 100 mundial trata-se de algo maior do que aquilo que aconteceu “apenas e só” hoje. Nesse sentido, vale recordar que tudo se iniciou na fase de qualificação, onde teve de ultrapassar dois exigentes opositores em batalhas muito equilibradas, e que, posteriormente, no percurso desempenhado desde a eliminatória inaugural do quadro principal seguiu à altura de todos os acontecimentos, encarrilando uma sequência de três espetaculares exibições para eliminar jogadores como Alexander Bublik (17.°) e Tomas Machac (23.°), à cabeça.

Como não poderia deixar de ser, no final Vacherot admitiu estar a viver um autêntico sonho: “Significa tudo. Acho que não consegui dar conta do que estava a fazer a semana toda, e tudo caiu como uma luva quando acabei de vencer a partida. Fiquei feliz a semana toda, mas não muito feliz, e esta é inacreditável.”

“Sinto muita emoção só de pensar nos momentos difíceis que passei no ano passado, e até mesmo neste ano. Só de partilhar isso com o meu treinador, o meu irmão, a minha namorada — é inacreditável, e estou a viver um dos melhores momentos da minha vida agora.”, disse ainda incrédulo.

“Esta é a recompensa por tudo o que passei.”

O número 204 do Mundo, mas que virtualmente já está no 130.° posto fruto da sua gloriosa caminhada, passou também a ser o tenista com ranking mais baixo nos quartos-de-final do Masters 1000 de Xangai, em toda a sua história.

Enquanto vai digerindo as emoções transportadas do court, Valentin Vacherot prepara-se para voltar à ação na próxima quinta-feira para medir forças com o dinamarquês Holger Rune (atual 11.° e antigo número 4 do Mundo) na luta por uma vaga nas meias-finais. Muito estará em jogo!

A minha paixão pelo ténis começou aos 10 anos e desde então tem crescido dia após dia. Já deixou de ser um mero desporto para mim, enquanto consumidor de tudo um pouco, ... bem, talvez nunca tenha sido... Estou aqui para continuar a ser surpreendido e a aprender com algo único e incomparável como o ténis. Hoje em dia não me consigo imaginar a viver sem a bola amarela no canto do olho. Quero seguir neste mundo e fazer dele o meu futuro, crescendo com todas as aprendizagens adquiridas a partir de valiosas experiências. Continuem desse lado!