Vekic: «No dia em que parar, vou dedicar-me a descansar, a não fazer nada»

Por Rodrigo Caldeira - Outubro 7, 2025
Donna-Vekic
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Atualmente fora do top 70, o nome de Donna Vekic perdeu muita força no circuito esta temporada. Curiosamente, precisamente desde o verão passado, quando encadeou umas meias-finais em Wimbledon com uma medalha olímpica. Tudo tem a sua explicação.

Longe de ser ainda uma veterana, completou 29 anos há três meses, Donna Vekic percorre o circuito feminino com a sensação de já ter vivido duas vidas dedicadas a esta profissão. Um desporto tão exigente que não permite descanso nem à mente, nem ao corpo. É tão complicado que até o sucesso pode provocar uma espécie de desconexão no cérebro, enchendo tanto o depósito que depois corres o risco de ficar vazio. Foi exatamente isso que aconteceu à croata depois de brilhar com luz própria no verão passado, como contou numa entrevista recente ao tennis.com.

TEMPORADA DE TERRA BATIDA 

“Fiquei muito desiludida com a minha temporada de terra batida, é uma fase que todos os anos me destrói. Em cada temporada tento dar um pouco mais… mas nunca recebo nada em troca! Quero dizer, sei que ganhei uma medalha olímpica em terra batida, por isso talvez isso já seja suficiente para o resto da minha vida nesta superfície, embora seja um tema que me esgota um pouco. Depois o problema é que se vai com pouca confiança para a digressão da relva, onde defendia muitos pontos e tive alguns encontros complicados. Esperava muito e senti muita pressão, não foi o ideal”

MEDALHA DE PRATA 

“Agora que tenho uma medalha, sinto que já consegui tudo. Se não ganhar mais nada, está bem, embora pense que este sucesso me motivou ainda mais. Não apenas a medalha, também as meias finais de Wimbledon, o facto de me ver tão perto de uma final de Grand Slam mostrou-me que realmente era capaz”

VITÓRIA SOBRE SAKKARI 

“Sinto que estive a fazer as coisas certas em cada treino, mas os resultados não foram os esperados, nem aquilo que eu queria. Manter-me motivada e continuar em frente não tem sido fácil. Dos melhores jogos recentes que me lembro está a vitória sobre a Maria Sakkari há algumas semanas em Monterrei, mas não muitos mais. Pensava que, ao ser mais velha, começaria a lidar melhor com certas situações, mas a verdade é que não, agora fico mais nervosa do que nunca”

ULTIMA ETAPA DA CARREIRA 

“Quanto tempo me resta para jogar? Pois não sei. O problema é que, a cada dia que passa, é mais difícil fazer as coisas que preciso de fazer para estar ao nível a que quero estar. É uma batalha diária, honestamente. Simplesmente tento levar as coisas dia após dia e ver até onde me consigo esforçar, porque o ténis é um desporto brutal. Ontem vi um vídeo da Venus Williams a dizer que o ténis era o desporto mais saudável do mundo (risos). Eu diria que é o mais insalubre, especialmente se o jogas tanto quanto nós e levas este tipo de vida. No dia em que parar, a única coisa que vou fazer é descansar, não fazer nada”

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Apaixonado por desporto no geral, o ténis teve sempre presente no topo da hierarquia. Mas foi precisamente depois de assistir à épica meia-final de Wimbledon em 2019 entre Roger Federer e Rafael Nadal, que me apaixonei e comecei a acompanhar de perto este fabuloso desporto. Atualmente a estudar Ciências da Comunicação na Universidade Autónoma de Lisboa.