Djokovic alerta para a depressão no ténis: «As redes sociais e o calendário esmagam os jogadores»

Por José Morgado - Julho 8, 2025

Novak Djokovic abordou de forma franca e preocupada uma realidade cada vez mais presente no ténis profissional: o crescente número de jogadores que se sentem esgotados ou que recorrem a antidepressivos. Em declarações recentes à imprensa sérvia, o tenista de 37 anos apontou vários fatores que, na sua opinião, contribuem para o desgaste mental dos atletas.

“A primeira coisa que me vem à cabeça são as redes sociais, que estão extremamente presentes e ditam em grande parte o humor e o ritmo diário de um atleta — sobretudo dos mais jovens, mas também dos mais velhos, começou por explicar Djokovic.“Todos estão nas redes sociais, e é fácil perdermo-nos ali, ficarmos demasiado presos aos comentários, ao que alguém escreve num teclado ou num telemóvel… e isso magoa. Não é trivial. É algo sobre o qual precisamos de falar seriamente.”

O número seis mundial alertou também para a forma como muitos jovens são levados demasiado cedo para uma lógica de profissionalização rígida, sem estarem emocionalmente preparados. “Na minha opinião, as crianças são empurradas demasiado cedo para o profissionalismo, antes de desenvolverem inteligência emocional, que é parte da preparação psicológica para a vida. Quando se descobre um talento, há uma obsessão em fazê-lo jogar, jogar, jogar — e depois aparecem os agentes, todos com interesse no sucesso, a pressionar o jogador para competir o máximo possível, para que se ganhe mais. É um círculo vicioso, e se o jogador se perde nesse processo, isso pode afetar muito a sua psique e a forma como vive a sua vida.”

Djokovic destacou ainda um dos aspetos mais específicos e exigentes da modalidade: a duração da temporada. “O ténis tem a época mais longa de todos os desportos globais. Para a maioria dos que fazem o calendário completo, é de 1 de janeiro até final de novembro. Outros desportos também têm muitas competições, mas o ténis é individual — não há substitutos, não há ‘não me sinto bem hoje, podes jogar cinco minutos por mim para eu descansar’… Aqui, cada ponto conta, cada dia conta. Se quiseres chegar ao mais alto nível, tens de transformar toda a tua vida ao serviço do ténis e do desporto. Perdes-te. É uma fatia demasiado grande para a maioria.”

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Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 16 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: jose_guerra_morgado@hotmail.com