Kvitova e a retirada iminente: «Vão ver-me no US Open, mas a motivação já não é a mesma»

Por Rodrigo Caldeira - Julho 2, 2025
Petra-Kvitova
Imagem WTA

Petra Kvitova (572º) perdeu na primeira ronda de Wimbledon 2025 frente à top 10 Emma Navarro, onde como já se esperava a jogadora checa teve a sua ultima dança na sua superfície preferida.

Depois do encontro, a bicampeã deste torneio passou pela conferência de imprensa onde deixou emotivas palavras e apontou o fim do seu percurso para o US Open.

TITULO EM 2011

“Lembro-me claramente do que aconteceu naquele torneio, sobretudo lembro que não era favorita em nenhum dos jogos que joguei. Mesmo no ano anterior, quando perdi nas meias-finais contra a Serena, mas foi muito diferente enfrentar a Vika (Azarenka) ou a Maria (Sharapova) de forma consecutiva. Com a Vika foi em três sets, sempre foram grandes batalhas com ela, enquanto com a Maria não joguei muitas vezes. Estou grata por aquela final ter acontecido naquele momento, é algo que nunca poderei descrever com palavras porque foi uma grande surpresa. Não consegui perceber o que tinha acontecido, a viragem que a minha vida e carreira tiveram desde então. Lembro-me da felicidade que senti ao levantar o troféu, lembro que o meu inglês não era muito bom, estava mais nervosa nas conferências de imprensa do que nos jogos. Hoje, no meu discurso em campo, senti algo semelhante, embora um pouco melhor.”

ADAPTAÇÃO DO TÉNIS Á RELVA 

“Sendo mais alta, o serviço é mais fácil na relva, e a relva sente-se mais lenta, por isso as sensações podem ser muito diferentes entre as jogadoras. O serviço foi sempre uma grande vantagem para mim, gosto de fazer serviço-voley durante o jogo, embora também seja mais difícil jogar com as pernas dobradas sendo alta, aí está a vantagem das mais pequenas. O corpo dói nessas posições, sobretudo os glúteos. O serviço é chave, claro, há que mantê-lo o máximo possível. Lembro-me de jogar contra a Venus em 2014 num jogo em que só houve um ponto de break para cada lado, foram todos saques, é assim que sinto o ténis na relva.”

EMOÇÕES DO ÚLTIMO ENCONTRO 

“Tanto ao entrar como ao sair senti a mesma emoção: felicidade. Tive a sorte de jogar num campo lindo no meu último jogo, o Court 1, onde guardo memórias inesquecíveis do passado. Ao entrar e ao sair senti algo parecido, o facto de estar num lugar muito especial, emotivo e feliz para mim.”

VIVER O TORNEIO COMO MÃE 

“Vivi-o da mesma forma que antes de ser mãe, felizmente tenho a minha mãe aqui para me ajudar, ela está com ele o dia todo. Não sei o que Wimbledon pode melhorar nesse aspeto, deveríamos perguntar. Por um lado vive-se de forma diferente, por outro é igual, embora seja claro que há que tratar da logística em cada jogo e treino, ainda bem que a minha mãe está aqui. Se eu tivesse de cuidar dele o dia todo, seria impossível competir, porque temos sempre algum compromisso.”

“WIMBLEDON FEZ-ME MELHOR”

“O principal que Wimbledon me deu foram as formas durante toda a minha carreira. Também como pessoa, a verdade é que sempre me dei muito bem com os ingleses e o seu sentido de humor, adoro. O principal que me aconteceu na vida foi jogar este torneio, embora reconheça que o segundo título foi melhor, muito mais satisfatório, mostrando que podia jogar bem. Estive dentro do top 10 durante algum tempo graças aos Grand Slams, os maiores torneios que podemos alcançar. Imagina ter dois títulos em Wimbledon, para mim é algo muito especial. Para mim é o melhor torneio do mundo.”

ÚLTIMA PARAGEM 

“O meu próximo torneio será o US Open, aí é que me verão, será o meu último torneio. Tenho a certeza, não haverá mudanças, o meu corpo já não está em boa forma e a motivação também não é a mesma, tudo é diferente do que era antes. Assim é a vida.”

 

Apaixonado por desporto no geral, o ténis teve sempre presente no topo da hierarquia. Mas foi precisamente depois de assistir à épica meia-final de Wimbledon em 2019 entre Roger Federer e Rafael Nadal, que me apaixonei e comecei a acompanhar de perto este fabuloso desporto. Atualmente a estudar Ciências da Comunicação na Universidade Autónoma de Lisboa.