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Del Potro conta tudo sobre o fim da carreira: foi operado 8 vezes ao joelho e a pondera colocar prótese
Juan Martín Del Potro prepara-se para disputar na próxima semana um encontro de despedida com Novak Djokovic, em Buenos Aires. Esse momento promete ser de celebração da carreira de um dos melhores jogadores argentinos de todos os tempos, mas não apaga todo o sofrimento que o tenista argentino de 35 anos tem passado nos últimos anos. Del Potro lesionou-se em 2018 (e voltou a lesionar-se em 2019) no joelho esquerdo, problema que acabou por lhe terminar com a carreira — ainda jogou um último encontro em fevereiro de 2022.
A Torre de Tandil deixou um emocionante (e extremamente triste) vídeo de 11 minutos nas suas redes sociais onde conta todo o processo que tem vivido nos últimos anos. Revela que ainda foi operado mais duas vezes (de forma secreta) depois do tal encontro de Buenos Aires com a esperança de ainda voltar a competir, mas que nunca mais conseguiu viver sem dores. Não consegue correr, nem jogador futebol, nem padel, nem conduzir sem interrupções, nem sequer subir escadas. Há dias em que não tem forças para continuar e até uma prótese está em equação. Aos 35 anos…
Juan Martin del Potro on Instagram telling the story of how his career had to end way earlier than he deserved.
Strong and emotional.
Tough not to cry. pic.twitter.com/RdTmAQJXr2
— José Morgado (@josemorgado) November 26, 2024
“Ninguém sabia disto, mas no dia seguinte ao meu último encontro contra o Delbonis [Buenos Aires 2022], apanhei um voo para a Suíça e fiz a minha quinta cirurgia ao joelho. Desde então, nunca mais tornei as minhas cirurgias públicas, pois encontrei um pouco de paz na conferência de imprensa antes daquela partida contra o Federico, ao dizer que provavelmente aquele seria o meu último encontro. As pessoas pararam de me perguntar constantemente quando é que eu voltaria a jogar. Fiz todo esse processo secretamente e, se funcionasse, anunciaria que voltaria. Fiquei dois meses na Suíça, numa vila perto de Basileia a tentar reabilitar-me e não funcionou. Depois de 2 meses e meio… fiz a minha sexta operação. Voltei para os Estados Unidos. Mais reabilitação, mais de 100 injeções em todos os sítios. Infiltrações… sofrimento diário. Tem sido minha vida desde aquela partida contra o Federico.
Quando fiz minha primeira cirurgia em junho de 2019, o médico me disse que eu voltaria a jogar daí três meses. Eu até me inscrevi em três torneios indoor no final do ano. Desde aquele momento, nunca mais consegui subir escadas sem dor. Dói quando conduzo, dói muitas vezes quando vou dormir. Tem sido um pesadelo sem fim.
Ainda estou a procurar uma solução todos os dias. Tudo começou com aquela primeira cirurgia. Cada vez que penso nisso, ainda fico emocionado. Sinto-me péssimo. A minha vida quotidiana não é o que eu gostaria que fosse. Não posso jogar futebol, não posso jogar padel. É terrível. Tiraram-me a oportunidade de fazer o que eu mais amava, que era jogar ténis. É muito difícil. Há momentos em que não tenho mais forças. Não sou indestrutível. Tenho coisas boas, coisas más, mas na maioria das vezes tenho que fingir e colocar uma cara boa, mas muitas vezes sinto-me péssimo. Todos os dias quando acordo tenho que tomar 6 ou 7 comprimidos. Protetores gástricos, anti-inflamatórios, um para ansiedade. Os comprimidos fizeram-me ganhar peso e tive de parar de comer algumas coisas.
Uma coisa são as pedras que podem aparecer no caminho, como as lesões que podem afetar todos os atletas, mas a outra coisa é a dor emocional. Eu senti-me tão poderoso ao enfrentar esses obstáculos, mas depois de tudo o que já vivi entendi que não sou assim tão forte. Aquele joelho derrotou-me. Eu fiz 8 cirurgias, com médicos de todo o Mundo. Todas as vezes em que me davam anestesia eu esperava que o problema fosse resolvido e depois de 2 ou 3 meses eu ligava sempre para os médicos para lhes dizer que a cirurgia não funcionou
Há médicos que me dizem que eu posso colocar uma prótese e recuperar alguma qualidade de vida. Mas outros dizem-me que sou muito jovem para uma prótese. Eles dizem para esperar até aos 50 anos. Mas… desde os meus 31 anos que não consigo correr, não consigo subir escadas, não consigo chutar uma bola, nunca mais joguei ténis. Preciso de esperar mais 15 anos disso? É terrível. Espero que isto acabe um dia. Porque eu quero voltar a viver a minha vida sem dores.”
Del Potro prepara agora o encontro com Djokovic. “Comecei a minha dieta, estou a perder peso, estou a treinar. Quero chegar a essa partida na melhor forma possível. É um encontro para dizer adeus. O Djokovic foi muito generoso em aceitar meu convite. Quero dar-lhe todo o amor possível. Se pelo menos por uma, duas ou três horas eu puder estar em paz e feliz num court de ténis, será lindo.”
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