Antigo top 10 de juniores foi banido do ténis e agora reencontrou-se… no padel

Por Pedro Gonçalo Pinto - Novembro 3, 2022

Youssef Hossam tem 24 anos e hoje em dia podíamos estar a falar de uma figura do ténis mundial nesta altura. Afinal de contas, foi top 10 de juniores e top 300 ATP e alimentava as esperanças egípcias de que ali podia estar uma estrela. No entanto, Hossam foi banido do ténis devido a ter sido condenado por 21 crimes de match fixing e corrupção, sendo que agora se está a redescobrir… no padel.

Hossam está a apostar tudo nesta nova oportunidade e representou o Egito nos Mundiais de padel no Dubai, sendo que deu uma entrevista ao site Arab News, na qual falou abertamente sobre tudo aquilo que aconteceu na sua vida e que o afastou do ténis.

DO TÉNIS AO PADEL

Quando fui banido do ténis, tive uma crise de identidade durante dois ou três anos. Segui em frente e trabalhei no ténis como treinador, comecei a ter bons jogadores que estavam a ganhar. Experimentei o boxe e ganhei uma luta amadora. Foi mesmo uma crise de identidade. Quando o padel apareceu, sentiu que era algo que podia perseguir a tempo inteiro profissionalmente para tentar ter a vida que já tinha tido. Agarrei isso como uma segunda oportunidade.

RESULTADOS COMBINADOS

Não me critiquei a mim próprio porque não tinha outra opção, ninguém me ajudava. Ninguém à minha volta percebia nada. Ninguém sabia o que match fixing queria dizer, ninguém sabia o que significa ser abordado por alguém e o facto de ter de reportar isso. Reportar a quem? O que é que TIU (Tennis Integrity Unit) quer dizer? O IPIN que usei para me inscrever nos torneios tinha sido a minha mãe a fazer. Havia falta de conhecimento.

MOTIVOS DOS CRIMES

Ninguém me ajudava sem ser o meu pai. Até ao dia em que morreu foi o meu único patrocinador, não tinha ajuda financeira nenhuma. Ninguém sequer me tentou ajudar, estava completamente sozinho. O meu pai ficou doente e foi para o hospital, houve complicações e eu fiquei numa depressão. O meu irmão Karim estava envolvido no match fixing e tivemos escolhas para fazer. Não tinha o luxo de poder fazer muitas escolhas. As pessoas acham que fizemos isto para fazer dinheiro ilegalmente, mas eu quis este dinheiro para poder treinar, estava desesperado. Não houve luxo nenhum por trás.

O ténis entrou na minha vida no momento em que comecei a jogar aos 7 anos. E a ligação com o jornalismo chegou no momento em que, ainda no primeiro ano de faculdade, me juntei ao Bola Amarela. O caminho seguiu com quase nove anos no Jornal Record, com o qual continuo a colaborar mesmo depois de sair no início de 2022, num percurso que teve um Mundial de futebol e vários Europeus. Um ano antes, deu-se o regresso ao Bola Amarela, sendo que sou comentador - de ténis, claro está - na Sport TV desde 2016. Jornalismo e ténis. Sempre juntos. Email: pedropinto@bolamarela.pt