6 casos de doping que abalaram o ténis mundial
Era uma quinta-feira como tantas outras no circuito masculino, quando Daniel Evans, qual Maria Sharapova, se fez surgir diante dos jornalistas para confessar que fizera asneira da grossa. O consumo de cocaína em abril, “fora do contexto do ténis”, não escapou ao teste antidoping que realizou durante o torneio de Barcelona nesse mês.
Enquanto as consequências vão sendo pesadas pela Federação Internacional de Ténis (ITF), relembramos alguns dos casos de doping mais famosos do universo tenístico.
1. Maria Sharapova
Lá chegará o tempo em que um dia se passe sem se que se fale no caso Sharapova. Hoje (ainda) não é o dia. A imagem da russa em frente ao microfone, trajada de negro e de semblante pesado, que deixava adivinhar um misto de culpa e certeza de que não sairia daquela embrulhada derrubada, está ainda demasiado fresca.
“Recebi uma carta da ITF a alertar para o facto de ter acusado positivo num teste de controlo antidoping”. Lançada a bomba, os estilhaços começaram a fazer ricochete, antes mesmo da explicação chegar. “Nos últimos dez anos tomei um medicamento chamado mildronate, que também se chamada meldonium. Mas as regras mudaram no dia 1 de janeiro (2016) e o meldonium tornou-se proibido, algo que eu não sabia. Assumo total responsabilidade por isso”.
Bom, o que veio depois já se sabe. Sharapova foi castigada com dois anos de suspensão, recorreu da decisão e a pena foi reduzida para 15 meses, tendo terminado no passado mês de abril. Durante esse tempo, enquanto algumas das suas colegas do circuito lhe iam aplicando valentes verdascadas, a ex-número um mundial fazia-se rija, entre o ginásio e os courts, dando ênfase às últimas palavras proferidas naquela malfada conferência de imprensa: “Sei que muitos de vocês pensaram que eu me ia retirar. Se me fosse retirar não ia escolher um hotel na baixa de Los Angeles com uma carpete tão feia”.
2. Andre Agassi
Qual é a diferença entre um careca e uma loira? Isto podia ser o início de uma daquelas anedotas rápidas que surgem à mesa do café, mas o assunto até que é sério. Pelo menos no que ao ténis diz respeito. Fora de brincadeiras, mas aproveitando para responder à pergunta, as diferenças não são tão poucas quanto isso quando colocamos Maria Sharapova e Andre Agassi lado-a-lado.
Vejamos, enquanto a russa correu para o microfone para contar ao mundo no imbróglio em que se meteu, como forma de expiar o “grande erro” que cometera, o jogador de Las Vegas fechou-se em copas quando se viu envolvido nas malhas do doping. Quando, em 2006, Agassi disputou o último encontro da carreira, aplaudido de pé pelos mais de 15 mil espectadores presentes no Arthur Ashe Stadium, no Open dos Estados Unidos, longe estavam eles de saber que nove anos antes o ex-número um mundial se fez valer da metanfetamina, conhecida como crystal merth, uma droga dez vezes mais potente que a cocaína, para ultrapassar a má fase que uma lesão no pulso lhe trouxera.
Apanhado num controlo antidoping, Agassi pegou numa caneta e numa folha e deixou a sua lábia fazer o resto. As mentiras surtiram efeito e o ATP abafou o caso, que apenas viu a luz do dia em 2009, quando o campeão de oito títulos do Grand Slam publicou a sua autobiografia ‘Open’. Com Agassi já longe dos courts há três anos, o ATP decidiu encerrar o inquérito contra o ex-tenista, que continua a ser considerado como um dos nomes maiores da modalidade.
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2. Martina Hingis
“Acusei positivo num teste antidoping, mas nunca pensei em me dopar, nunca me dopei e nunca sequer experimentei drogas. Sinto-me 100 por cento inocente”. Tal como Sharapova, Martina Hingis convocou a imprensa assim que foi acusada de ter colocado o pé na argola, em 2007. Parente os jornalistas e o mundo, a jogadora suíça jurou a pé juntos que não consumira cocaína, como indicava o resultado do teste a que tinha sido submetida durante o torneio de Wimbledon.
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Hingis, então com 27 anos e cinco títulos do Grand Slam conquistados, tentou recorrer da decisão, mas, recusando-se a passar os anos seguintes “a combater as entidade antidoping”, abandonou a competição, tendo voltado ao circuito de pares seis anos mais tarde.
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3. Viktor Troicki
Preso por ter cão e preso por não ter. Viktor Troicki não chegou a ver o seu nome sinalizado a vermelho num resultado de um controlo antidoping, mas nem por isso se livrou da suspensão. Durante o Masters 1000 de Monte Carlo, no Mónaco, em 2013, o sérvio recusou colaborar com a comissão antidoping após a sua derrota para Jarkko Nieminem, alegando que já teria avisado a organização do torneio de que estava doente.
Posto isto, cedeu a amostra de urina mas não a de sangue, o que lhe valeu uma expressiva reprimenda por parte da Federação Internacional de Ténis. Mesmo tendo passado no teste à urina, o jogador dos Balcãs foi castigado com 18 meses de suspensão, vendo a pena ser reduzida para um ano, depois de recorrer da decisão no Tribunal de Arbitragem do Desporto.
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4. Marin Cilic
Corria o mês de setembro, em 2013, quando o croata foi informado de que o teste antidoping realizado durante o torneio de Munique, Alemanha, em abril, deu positivo, por culpa da niquetamida, uma substância que atua como estimulante.
Vendo-se com uma pena de nove meses à perna, Cilic proclamou-se inocente, dizendo que a substância ilegal entrou no seu organismo depois de consumir Coramina, comprada erradamente pela sua mãe, a quem Cilic pediu para ir à farmácia quando percebeu que o seu stock de glicose tinha terminado. O tribunal independente da ITF deu-lhe razão. Entendeu que o atual número 12 do ranking consumiu niquetamida sem saber e não para melhorar o seu desempenho no court, o que fez com que a sua pena fosse encurtada para quatro meses. Penalização que o fez regressar mais forte do que nunca, tendo conquistado o Open dos Estados Unidos no ano seguinte (2014).
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5. Richard Gasquet
Há quem diga que é o argumento mais estapafúrdio da história do doping, mas a verdade é que Richard Gasquet viu a sua pena reduzida depois de o colocar em cima da mesa. Falamos do beijo envenenado, precisamente. Depois de detectada a presença de metabólitos na sua urina, que indicavam o consumo de cocaína, após um controlo antidoping realizado no torneio de Miami, em 2009, o habilidoso gaulês defendeu-se da acusação alegando que a droga presente no seu organismo se devia às consequências de uma noite bem passada, numa discoteca. Gasquet admitiu ter beijado uma mulher que teria consumido cocaína.
Tanto o Tribunal Arbitral do Desporto como a Federação Internacional de Ténis concluíram que Gasquet estava a dizer a verdade, tendo em conta a quantidade mínima de droga presente no seu organismo. O gaulês foi declarado inocente e viu a sua pena ser reduzida dez meses. Em vez de uma suspensão de dois anos, imposta inicialmente, o Gasquet ficou proibido de pisar os courts apenas durante dois meses e meio.
Os casos menos conhecidos
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Barbora Strycova
Aconteceu no torneio do Luxemburgo, em 2012. Barbora Strycova acusou positivo a uma substância chamada “sibutramina”, um estimulante sintético que a jogadora checa alegou ter consumido de forma acidental, por estar incluído no suplemento de perda de peso Açaí Berry Fino. A Federação Internacional de Ténis considerou a explicação ser plausível pela reduzida quantidade da substância presente no organismo e diminuiu a sua pena para seis meses. Depois desse incidente, a jogadora a de 30 anos subiu até à 30.ª posição do ranking, alcançou duas finais WTA e atingiu os quartos-de-final em Wimbledon, em 2014.
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Sesil Karatantcheva
Aquilo que começou por ser um sonho para a búlgara, depressa se tornou num pesadelo. Em 2005, então com 16 anos, Sesil Karatantcheva qualificou-se para o top-8 de Roland Garros, deixando pelo caminho Venus Williams, o que lhe valeu a subida ao 35.º lugar do ranking. O pior veio depois, quando um controlo antidoping positivo realizado em Paris a colocaram fora da competição durante dois anos. Karatantcheva justificou a presença do nandrolona, um esteróide anabolizante, com uma alegada gravidez, mas o teste deu negativo e da suspensão não se livrou. Regressada em 2008, a búlgara venceu três títulos ITF e alcançou um par de meias-finais WTA, sendo, neste momento, 251.ª mundial.