Benneteau denuncia favorecimento a Federer por parte do ATP e de alguns torneios

Por José Morgado - Novembro 13, 2018

Retirado do ténis nas últimas semanas, Julien Benneteau, contemporâneo de Roger Federer, parece agora ‘solto’ para abordar uma série de assuntos que até então pareciam ser tabu na sua carreira. Numa longa conversa com a ‘RMC’, na qual participaram outros jornalistas e outra antiga jogadora, o francês admitiu que algumas das relações de Federer com dirigentes do circuito podem ser verdadeiros conflitos de interesse e um problema para a verdade desportiva.

Benneteau começou por entender a importância de Federer para o ténis.Se ele faz todo esse dinheiro fora do court, é porque ele faz um trabalho incrível. Em Basileia, ele passa uma hora e meia no court para ganhar cada encontro. Mas depois disso passa de 2 a 3 horas com os patrocinadores, os jornalistas os fãs. Os Agassis e os Sampras não faziam isso.”

Mas Benneteau explica onde a linha do conflito de interesses se traça. “Acho incrível como é que a Laver Cup não é questionada pelo ATP, quando se disputa na mesma semana de três torneios e prejudica-os, retirando-lhes jogadores. É uma prova sem legitimidade desportiva, que não respeita os rankings e não dá pontos. Mas como é do Roger, está tudo bem”.

O gaulês falou ainda da ligação de Federer a Craig Tiley, diretor do Australian Open que é igualmente parceiro da Laver Cup, feita em homenagem a um jogador australiano [Rod Laver]. “O Tiley, o mesmo homem que recebe dinheiro do empresário do Federer na Laver Cup, fez com que o suíço jogasse 12 dos seus 14 encontros das últimas duas edições em sessão noturna. Este ano, um encontro entre Federer e Jan Lennard Struff jogou-se em sessão noturna quando no mesmo dia o Djokovic e o Gael Monfils jogaram debaixo de 45 graus”.

Wimbledon e US Open também foram mencionados. “Em Wimbledon, a organização quase se sentiu obrigada a meter o Federer no Court 1 depois das queixas do Djokovic e ele acabou por perder. No US Open, ele nunca jogou fora do Arthur Ashe. É normal que ele tenha tratamento preferencial depois de tudo o que fez na sua carreira, mas há torneios em que as condições de uns courts para os outros variam muito…”

Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 16 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: jose_guerra_morgado@hotmail.com