Djokovic bate o recorde desde o sofá: 808 semanas entre os quatro melhores
Quase que nos habituámos a isto, ao ponto de nem parecer notícia de primeira página. Novak Djokovic bateu mais um recorde histórico, mas o mais recente tem contornos quase cómicos na forma como aconteceu. O sérvio atingiu a impressionante marca de 808 semanas dentro do Top 4 mundial, e fê-lo literalmente a ver os outros jogar.
Enquanto Alcaraz e Sinner lutavam em Turim, Djokovic, descansado, carimbava mais um feito. Foi quase como receber um código promocional Placard; um prémio extra que ele nem procurava ativamente naquele preciso momento. Este número, 808 semanas, é a prova definitiva de uma consistência quase desumana no ténis, representando mais de 15 anos e meio a flutuar na elite absoluta.
O significado de 16 anos no topo
Esta marca de 808 semanas no Top 4 não é apenas um número solto, pois traduz-se noutro recorde ainda mais pesado. O sérvio, aos 38 anos, estabelece uma nova fasquia de longevidade, terminando a temporada com 16 campanhas completas entre os quatro melhores.
Parece que foi ontem que o vimos surgir e, ainda assim, já superou as 15 épocas que Roger Federer e Rafael Nadal acumularam neste clube tão exclusivo. Isto demonstra uma atenção ao detalhe e uma preparação física fora do normal, permitindo que Djokovic prolongasse o seu pico de forma muito para lá dos limites tradicionais do desporto.
O trono como morada habitual
O mais curioso ao analisar o percurso de ‘Nole’ é a sua ocupação preferencial. Ele não esteve apenas perto do cume; ele foi o cume durante a maior parte do tempo. A base destas 808 semanas é, claro está, outra marca histórica. O sérvio soma 428 semanas como o indiscutível número 1 do mundo.
Portanto, mais de metade da sua presença no Top 4 foi passada na posição de absoluto privilégio. O seu segundo posto mais frequente foi o de número 2, com 171 semanas, tornando os restantes lugares quase paragens temporárias.
A matemática da longevidade
A comparação com os seus grandes rivais diretos mostra bem a dimensão deste feito. A era dos “Big Three” foi absolutamente dominadora, no entanto, Djokovic conseguiu levar a melhor na métrica da persistência.
O domínio coletivo foi de 947 semanas no posto de número 1, o equivalente a mais de 18 anos, mas a divisão desse domínio mostra quem ficou no trono por mais tempo.
- Novak Djokovic: 808 semanas no Top 4; 16 épocas finalizadas no Top 4; 428 semanas como N.º 1.
- Roger Federer: Cerca de 807 semanas no Top 4; 15 épocas finalizadas no Top 4; 310 semanas como N.º 1.
- Rafael Nadal: Cerca de 780 semanas no Top 4; 15 épocas finalizadas no Top 4; 209 semanas como N.º 1.
A estratégia para a Austrália
Manter-se no Top 4 não é apenas uma questão de estatística; é, sobretudo, uma ferramenta tática vital. Ao garantir um lugar entre os quatro primeiros, Djokovic assegura um quadro muito mais favorável nos Grand Slams, e para o Open da Austrália isso é fundamental.
Ele evita os rivais mais diretos, como Alcaraz ou Sinner, até às meias-finais, o que lhe permite gerir o esforço nas primeiras rondas. Esta gestão de energia é crucial para um atleta que procura otimizar o seu rendimento na exigente segunda semana dos Majors.
O domínio para lá dos rankings
Estes números de ranking são, na verdade, apenas a consequência de um palmarés inacreditavelmente recheado. A consistência de Djokovic assenta em vitórias constantes nos maiores palcos do ténis mundial. Estamos a falar de 24 títulos de Grand Slam, um recorde masculino, e 40 títulos de Masters 1000, que também é a melhor marca de sempre.
Como se não bastasse, é o único homem na história a vencer cada Major pelo menos três vezes. É também o único a vencer todos os nove torneios Masters 1000, e fê-lo por duas vezes. Esta fome de vitória parece ser o motor inesgotável para as 808 semanas.
O atleta como marca
O percurso de Djokovic reflete-se igualmente fora do court. O seu símbolo pessoal ‘ND’, lançado em 2012, tornou-se globalmente reconhecível. O design é bastante interessante, pois incorpora as suas iniciais, mas também referências aos alfabetos grego e sérvio.
Diz-se que inclui a representação de pássaros a voar, talvez como símbolo de liberdade e movimento constante. Parece que é, de facto, uma metáfora perfeita para a sua carreira: um voo contínuo e um ascenso constante que, mesmo do sofá, não para de quebrar barreiras.
