Da morte súbita do pai aos ataques de pânico: a história dramática de Steve Johnson
“Estou a enlouquecer. Sinto que a minha frequência está a 200 km/h.” Foi isto que passou pela cabeça de Steve Johnson quando, em janeiro de 2018, pensou que ia morrer. O norte-americano, 83.º do ranking ATP, estava numa fila e tinha a certeza de que estava a ter um ataque cardíaco, mas acabou por ir para o hospital e percebeu que o que se tinha passado era um ataque de pânico. “A tua mente passa-te a perna e faz-te sentir que tens algo pior do que realmente é”, conta, em entrevista à Sports Illustrated.
A questão é que, por trás desse episódio, estava um drama com o qual Johnson não estava a conseguir lidar. E que ia muito além dos maus resultados que se encontrava a ter nesse início de temporada. É que, oito meses antes, o seu pai Steve Johnson Sr., morreu de forma repentina e o filho demorou a aceitar esse momento. Estamos a falar de alguém que tinha uma relação muito forte e especial, com o pai a estar por perto desde o momento em que filho se sagrou bicampeão universitário, bem como estava nas bancadas a ver Stevie fechar a carreira na NCAA com 72 vitórias consecutivas.
Mas em maio de 2017, Johnson estava prestes a embarcar num voo quando recebeu um telefonema da mãe a dar notícia que nunca pensava ouvir. O pai tinha morrido aos 58 anos enquanto dormia. Stevie quis continuar a época e ‘trancou’ todos os sentimentos, mas houve momentos em que quebrou. Como quando bateu Borna Coric em Roland Garros. “Não sabia que esse sentimento ia sair de mim depois desses encontro”, referiu.
A luta foi dura e Johnson reflete sobre o medo de voltar a ter ataques de ansiedado. “Todo o court começa a tremer e o estádio começa a girar à minha volta. Não é mesmo um processo divertido para se passar enquanto estamos a competir. Eu só queria estar em minha casa para o caso de isso acontecer. Sempre tive medo do dia em que ia chegar o próximo ataque em vez de aceitar o problema e lidar com ele”, acrescenta.
Foi por isso que Steve Johnson decidiu aceitar ajuda profissional e quis dar esta entrevista para alertar para a necessidade de cuidar da saúde mental. “O mais importante foi mudar a conversa na minha cabeça para pensar que fui um sortudo por ter tido um pai que se preocupava, que amava, com quem tinha uma grande relação. Todas estas coisas positivas estavam a passar por cima porque estava mais preocupado em perguntar-me por que é que aquilo me tinha acontecido a mim”, rematou.