Goffin: «O talento sempre existiu, a diferença está na preparação física»

Por José Morgado - Dezembro 24, 2025

David Goffin continua a espremer os últimos capítulos da sua carreira profissional, recusando despedir-se do circuito enquanto ainda sente magia na raqueta. A temporada de 2025 foi marcada por irregularidade, mas também por momentos de alto nível que recordaram a classe do belga, com especial destaque para a vitória sobre Carlos Alcaraz em Miami, um dos triunfos mais sonantes do seu ano. Pai há 14 meses, Goffin mantém viva a paixão pelo ténis e prepara-se para prolongar a carreira em 2026.

A presença no UTS de Londres foi mais um sinal dessa vontade de competir, servindo também como laboratório competitivo antes de uma nova época em que continuará a enfrentar gerações mais jovens. Poucos jogadores podem falar com tanta autoridade sobre a evolução do ténis moderno: Goffin defrontou Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic no início da carreira e, agora, mede forças com a potência de Carlos Alcaraz e Jannik Sinner.

Para o belga, a maior mudança não está tanto no talento, mas na exigência física. “Hoje, a maioria dos jogadores é muito mais forte e está melhor preparada fisicamente. A preparação evoluiu muito: são mais rápidos, batem mais forte e até a forma como deslizam em piso duro mudou”, explicou.

Do ponto de vista técnico, Goffin considera que o ténis mantém a sua essência, mas aponta os materiais como fator decisivo na transformação do estilo de jogo. “O ténis é mais ou menos o mesmo, mas agora a bola é golpeada com muito mais força. Carlos e Jannik conseguem winners de qualquer lado, algo impressionante. Antes era tudo mais tático, hoje procura-se o ponto desde o primeiro golpe”, analisou.

A adaptação, diz, é inevitável. “Tens de estar preparado fisicamente e adaptar os materiais. As raquetas mudaram completamente. Se compararmos as de Roger no início com as atuais, são mundos diferentes. Quem quer manter-se competitivo tem de evoluir”, concluiu Goffin, que segue para 2026 determinado a adiar, tanto quanto possível, a palavra retirada.

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Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 16 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: jose_guerra_morgado@hotmail.com