Remodelação de Wimbledon tem o dedo de dois portugueses

Por admin - Julho 16, 2017
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A view of the grounds during play overlooking the London skyline. The Championships 2017 at The All England Lawn Tennis Club, Wimbledon. Day 4 Thursday 06/07/2017. Credit AELTC/Joe Toth

É como se costuma dizer: há um português em qualquer canto do mundo. E, neste acaso, até são dois. Sara Pousinho e João Matos, engenheiros civis especializados em estruturas na empresa Thornton Tomasetti, em Londres, e estão envolvidos no projeto de renovação e ampliação do complexo do All England Club, que foi suspenso para que se realizasse o torneio.

Contaram os dois emigrantes lusos à Agência Lusa que um dos principais desafios deste projeto é ter de ser interrompido cerca de duas semanas em julho, o que tem impacto na duração das obras, estimadas para terminarem em 2019. “Num projeto normal, nós montamos o estaleiro no início da obra e desmontamos no final, não temos interrupções pelo meio“, começou por dizer Sara Pousinho, de 34 anos.

“Neste projeto, nós começámos, mas temos de parar duas vezes. O projeto vai ter três anos e nós parámos em cada ano para fazer o campeonato. Isto significa que temos de desmontar todo o estaleiro, tirar tudo o que é apoios temporários da estrutura e garantir que a estrutura está estável e segura para abrir ao público durante este período”, acrescentou.


“Sinto um bocadinho o peso da responsabilidade quando vejo na televisão o estádio”


Iniciadas em 2016, as obras são maiores e mais complexas do que as realizadas anteriormente no ‘court’ central, que desde 2009 tem uma cobertura retrátil para que os desafios possam realizar-se mesmo com chuva.

O Court 1 vai receber um novo teto retrátil, com funcionamento previsto para 2019 e as bancadas vão contar com mais cerca de 900 lugares para além dos atuais 11.500 assentos. Debaixo da cobertura vão ser criadas salas para receções, refeições e outros usos, enquanto no espaço adjacente, onde antes estava o Court 19, vai nascer uma praça pública, que vai estar pronta em 2018.

“Atualmente, no nosso escritório temos seis pessoas envolvidas no projeto, mas o número tem variado de acordo com as diferentes fases do projeto. Durante a fase mais intensa chegou a ter 15 – 16 pessoas. Ter uma mistura de pessoas de todo o mundo no escritório oferece uma enorme utilidade porque trazem conhecimentos diferentes, experiências diferentes, competências diferentes”, afirmou João Matos Cardoso de 27 anos, que já era adepto das raquetes antes de embarcar no projeto.

Não esconde, por isso o “orgulho enorme” de estar a trabalhar num local tão emblemático, mas Sara Pousinho admite que só começou a apreciar recentemente o desporto, que acompanha com dedicação profissional: “Sinto um bocadinho o peso da responsabilidade quando vejo na televisão o estádio”, reconheceu.