Nadal não perdoa: «Sharapova deve ser punida»

Rafael Nadal meteu a boca no trombone. Convidado a abordar o assunto que tem dominado a atualidade tenística, que mete ao barulho a mais mediática das jogadores de ténis e a mais rica atleta do mundo, o maiorquino mostrou-se mais disponível do que o habitual para o fazer.

Volta e meio envolto em rumores sobre o consumo de substância pouco lícitas, o número cinco mundial aproveitou que o doping é o assunto do momento para dizer aos jornalistas presentes em Indian Wells, e ao mundo, que está farto que lhe tentam imprimir um rótulo onde não cabem nem nunca couberam componentes proibidos.

“Nunca tive a tentação de fazer algo errado”, disse o ex-número um mundial. “Estou muito longe disso, do doping. Sou uma pessoa completamente limpa. Sempre trabalhei de forma dura durante toda a minha carreira e quando estive lesionado nunca tomei nada [proibido] para regressar mais depressa”, acrescentou.

“Ligaram-me muitas vezes ao doping e estou cansado disso. Acredito no desporto e nos seus valores. O desporto é um exemplo para a sociedade, um exemplo para as crianças e nunca faria algo que fosse contra isso. Estaria a mentir para mim e não para os meus adversários”, salientou o jogador de 29 anos.

Não faço, nunca fiz e nunca vou fazer algo de errado. Eu conheço tudo aquilo que consumo

Sem pressas de despachar o assunto, Nadal falou ainda dos tratamentos que utilizou para tratar os seus joelhos, a parte do seu corpo que mais tem sido fustigada pelas lesões nos últimos anos, nomeadamente o PRP (Plasma Rico em Plaquetas), que consiste em injetar uma concentração de células reparadoras do seu próprio sangue.

“Sempre fui sincero durante a minha carreira. Nunca tentei esconder que o fiz. A primeira vez que utilizei o método PRP funcionou de forma fantástica e a segunda vez foi mau. Tive de parar de jogar durante sete meses”, confessou, abordando também o tratamento com células estaminais a que recorreu em duas ocasiões, que se revelou bastante benéfico.

As regras são assim, é justo. Ela deve ser punida

“Não faço, nunca fiz e nunca vou fazer algo de errado. Eu conheço tudo aquilo que consumo. O meu médico é o médico da federação espanhola, tem muita experiência. Tenho total confiança nele e nunca tomo nada sem o seu consentimento”, disse, ainda, o espanhol, fazendo a ponte para o assunto Maria Sharapova, um caso “muito triste”, por ser “uma terrível notícia para o nosso desporto”.

“Por isso, é difícil de imaginar que uma coisa destas possa acontecer. É normal que estes erros aconteçam, todos os cometem. Eu quero acreditar que foi um erro da Maria. Ela não o queria fazer, mas, claro, é negligência. As regras são assim, é justo. Ela deve ser punida”, defendeu o campeão de 14 título dos Grand Slam.

Perante o cenário pouco animador, Nadal consegue, ainda assim, desencantar aspetos positivos: “as boas notícias sobre tudo isto é que temos um bom programa antidoping e os jogadores que não fazem as coisas da forma correta são julgadas”.