João Silvério: de 'sparring partner' de Gastão Elias a companheiro de (grandes) aventuras

Por admin - Maio 9, 2017

Foi jogador profissional, chegou a marcar presença em estágios das seleções nacionais de sub-16 e sub-18, mas é hoje, aos 27 anos, um dos companheiros tenísticos de Gastão Elias. É certo que tentou singrar no mundo do ténis, porém, uma “grave crise económica” colocou as raquetes de lado a João Silvério e o destino trocou-lhe as voltas. Agora, viaja muitas vezes com o seu amigo de infância para o ajudar “em tudo” o que pode.

“A primeira vez que vi o Gastão foi com cerca de 11 ou 12 anos. Jogou contra mim em Lagos, ganhou-me 6-0 e 6-0, mas nem me recordo muito bem. O meu pai, que me acompanhava para todo o lado, recorda-me sempre disso”, começou por dizer Silvério ao ‘Bola Amarela’, revelando que, depois desses momentos, foi rápida a aproximação entre ambos, que se juntaram para jogar pares.

“Dois anos mais tarde, quando o Gastão já ganhava praticamente tudo o que jogava, em Vale do Lobo, tive a ‘coragem’ de lhe perguntar se queria jogar pares comigo. Mesmo sem se lembrar de mim, e com a sua grande humildade, disse que sim. Treinámos alguma vezes juntos e, a partir daí, começou uma grande amizade até aos dias de hoje”, confessou, antes de falar do presente e de quais as suas “funções” nos longos percursos aéreos que partilham.

“Comecei a ir mais regulamente com o Gastão a vários torneios, alguns também em que o treinador dele não o podia acompanhar, e faço muitas vezes de ‘sparring’ dele. Ajudo-o em tudo o que posso, desde o apoio nos jogos, redes sociais até à marcação de hotéis e viagens”, adiantou João Silvério, que tem em mente entrar no circuito profissional como treinador ou sparring partner.

“Quero nas próximas semanas ou meses ganhar uma boa forma física, visto que ganhei imenso peso desde que deixei de jogar, para entrar no circuito como treinador/sparring regular”, explicou, vincando que o “bichinho do ténis” continua sempre muito presente, assim como o “ambiente dos torneios”.

«É praticamente impossível ver o Gastão de mau humor»

Conhecido pelo seu bom humor em todas as partes do mundo, todos sabemos que Gastão Elias tem o talento de colocar sorrisos em quem o rodeia. E, segundo João Silvério, o seu amigo só esconde a boa disposição quando perde, apesar de criar sempre muito bom ambiente em todos os torneios em que participa.

“É praticamente impossível ver o Gastão de mau humor, tirando quando perde. É dos seres humanos mais incríveis que conheci até hoje, sempre bem disposto, sempre a brincar com tudo. Chega a qualquer torneio, cria uma empatia com todo o ‘staff’ desse clube e todos gostam dele”, sublinhou Silvério, que já passou “vários episódios engraçados” com o número dois português.

“Lembro-me de uma vez, num ‘future’ perto de Veneza, quando ambos fomos eliminados, fomos jantar a Veneza, e não percebemos bem como funcionavam as ‘gôndolas’ [embarcação típica da Lagoa de Veneza]. Fomos jantar, nas calmas, e quando quisemos voltar para o hotel não havia transportes. Foi um filme para sair de lá e ainda tivemos de andar duas horas a pé até ao hotel”, contou.

Mas, afinal, quem é João Silvério e onde começou a jogar ténis?

Começou a jogar ténis na sua terra natal, em Aljustrel, no Alentejo, graças ao seu pai que adorava ténis. “Ele conhecia um senhor que percebia de ténis, o José Manta, e comecei a treinar com ele. Fui evoluindo, comecei a jogar muitos torneios no Algarve e depois alguns na zona de Lisboa. As coisas começaram a correr bem”, começou por relatar João Silvério, que chegou a treinar com nomes como André Lopes, Nuno Marques e João Domingues.

“Depois surgiu a hipótese de ir treinar para Espinho com o André Lopes, que na altura era o selecionador nacional, e assim foi. Evoluí bastante mas passados dois anos o André aceitou um novo projeto e saiu de Espinho. Foi então que a minha solução passou por ir treinar com o Nuno Marques para o Clube de Ténis do Porto”, disse.

Passado um ano, saiu do Clube de Ténis do Porto devido ao facto de ainda estar a estudar e de ter de ir todos os dias de comboio para a Invicta. Então, com o objetivo de obter mais rendimento, surgiu a oportunidade de ir treinar com João Domingues e João Peralta nos courts de Espinho e Oliveira de Azeméis. Depois, não foi possível seguir em frente porque o “apoio financeiro” já não era o mesmo.

“Não consegui continuar a ter o apoio financeiro dos meus pais para fazer uma aposta financeira ainda mais a serio no ténis. Eles que sempre me apoiaram em tudo desde o primeiro minuto… Foi então que decidi deixar de jogar”, afirmou. No entanto, há uma certeza que se mantém. O “bichinho do ténis” nunca o vai deixar. E comentários à carreira de Gastão Elias? João Silvério acredita que o top 20 mundial é possível.