A louca rotina pós-encontro de Andy Murray

Por Susana Costa - Julho 1, 2016

Andy Murray leva o seu trabalho muito a sério. Os resultados, os títulos e o ranking são reveladores disso mesmo, mas há outros factores que não nos deixam mentir. Entre eles a frenética rotina pós-encontro que o número dois mundial faz questão de seguir à risca em Wimbledon, conforme confessou após o seu encontro da primeira ronda e que o Daily Mail revela no seu site esta terça-feira.

Porque mais importante que a vitória que se acabou de conquistar é a que está por vir e, portanto, Murray não facilita na hora de recuperar para o que se avizinha, mesmo que isso signifique não encontrar a sua filha Sophia, de quatro meses, acordado quando chegar a casa. ” Já não a vou conseguir ver. Ela vai estar na cama quando chegar”, revelou.

Banho rápido – 15 minutos:

Depois de deixa o court, o chuveiro é a primeira paragem do britânico. Desde o ano passado que o tamanho dos balneários dobraram, o que significa que o conforto dos jogadores e das sua equipas está garantido.

Dar ao pedal – 10 minutos:

É o chamado método de arrefecer de forma progressiva. A indicação é dada por Matt Little, membro da sua equipa técnica, responsável também por melhorar a sua movimentação e velocidade.

Repor energias – 20 minutos:

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Aconselhado a comer nos 30 minutos posteriores ao término do encontro, sob pena de os seus músculos começarem a ser “comidos” por um organismo em carência, Murray, sem cerimónias, lança-se a qualquer coisa como 50 peças de sushi. Uma “bucha” devidamente enquadrada nas 6 mil calorias diárias que está autorizado a ingerir e que, ao combinar os hidratos de carbono do arroz e a proteína do peixe, se torna na receita ideal para músculos cansados.

Teste à urina – 5 minutos:

A hidratação depois do encontro é de tal forma importante que as idas à casa de banho do campeão de 2013 é rigorosamente controlado. A sua equipa trata de medir os níveis de água e de minerais presentes na sua urina, como forma de determinar se o jogador está devidamente hidratado.

Massagem – 45 minutos:

Shane Annun, o fisioterapeuta que Murray diz ser “incrivelmente boa pessoa” é o homem responsável por meter as mãos no jogador de 29 anos quando a maratona dentro do court termina. A intenção é normalizar os tecidos, fazendo relaxar os músculos, a área do corpo que mais paga a factura de longos e tensos encontros.

Banho de gelo – 8 minutos:

Picture taken from official Andy Murray website showing and in the ice bath.

“O meu banho de gelo encontra-se no canto da sala e está sempre regulado nos cerca de oito graus”, explicou Murray, admitindo que esta é uma prática que pouco lhe agrada. “Já me devia ter habituado depois de tantos anos, mas continua a não ser bom, acreditem em mim”. Um mal necessário que ajuda a reduzir o ácido láctico nas pernas e a manter o sangue oxigenado para curar músculos e tendões danificados. O banho de gelo é tão popular entre os jogadores, que o All England Club investiu recentemente em seis novas máquinas de gelo.

Banho quente – 5 minutos:

Para repor a temperatura do corpo, Murray tem direito a um banho quente rápido logo depois.

Encontro com a imprensa – 1 hora:

Para a conferência de imprensa são reservados 10-15 minutos, seguida de mais 10 minutos para a BBC TV, Rádio e outros media.

De volta ao court – 30 minutos (opcional):

Esta é uma prática que não é suposto ser regular, usada apenas quando os encontros são mais curtos do que esperado, mas não nos podemos esquecer que Murray é conhecido pela sua obsessão por tácticas e estilos de jogo. Este momento com o treinador serve também para analisar o encontro e perceber o que se fez de errado.

De volta a casa – 25 minutos:

Esta é a única altura do ano em que Murray regressa a casa após terminar o dia no escritório. Ele e a sua mulher Kim Sears vivem em Oxshott, Surrey, numa mansão de 5 milhões de libras, devidamente equipado com ginásio e uma sala de cinema. Court de ténis, nem vê-lo, mas com uma filha de quatro meses, dois cães e a sua mãe, Judy Murray, debaixo do mesmo tecto, não haveria espaço para o ténis de qualquer maneira.

Tempo total: 3 horas e 45 minutos.

sears

Descobriu o que era isto das raquetes apenas na adolescência, mas a química foi tal que a paixão se mantém assolapada até hoje. Pelo meio ficou uma licenciatura em Jornalismo e um Secundário dignamente enriquecido com caderno cujas capas ostentavam recortes de jornais do Lleyton Hewitt. Entretanto, ganhou (algum) juízo, um inexplicável fascínio por esquerdas paralelas a duas mãos e um lugar no Bola Amarela. A escrever por aqui desde dezembro de 2013.