10 razões para termos saudades de Lleyton Hewitt

Por admin - Setembro 4, 2015
Lleyton Hewitt, of Australia, bids farewell to the crowd after losing to countryman Bernard Tomic, 6-3, 6-2, 3-6, 5-7, 7-5, during the second round of the U.S. Open tennis tournament in New York, Thursday, Sept. 3, 2015. (AP Photo/Kathy Willens)

O puto reguila que em 2001 deixou de queixo caído a comunidade tenística ao desafiar desrespeitosa e destemidamente o todo poderoso Pete Sampras em pleno Arthur Ashe Stadium, para conquistar o seu primeiro título do Grand Slam, disputou esta quinta-feira o seu último encontro de sempre no US Open.

Mais uma vez: Lleyton Hewitt NÃO volta pisar qualquer court em Flushing Meadows enquanto jogador profissional. Palavras que passam ao lado de muitos simpatizantes da modalidade sem sequer fazer vento, mas para os que por cá já vagueavam antes de Roger Federer chegar e enfeitiçar por completo o circuito terão mais ou menos o peso de uma raquete a ser estatelada no chão.

É que o ténis pode até ter deixado de girar à sua volta há tanto tempo quanto ele deixou de gritar desavergonhadamente c’mons na cara dos adversários mas, admitamos, não voltar a esbarrar com o seu nome na ordem de encontros dos torneios ou saber que não volta a ocupar um lugar no ranking, por mais recôndito que seja, é capaz de abalar o mais imperturbável dos adeptos vintage (chamemos-lhes assim).

O adeus definitivo do australiano de 34 anos chega apenas no Open da Austrália, no início do próximo ano, mas os motivos para irmos temendo o fatídico dia são muitos. Quem vai ter saudades de Lleyton Hewitt? Todos em coro: EU!

1. O desrespeito pelos melhores de sempre

Hewitt apareceu por cá numa altura em que dois dos maiores nomes da história da modalidade faziam do circuito a sua casa – Andre Agassi e Pete Sampras. Com borbulhas na cara e cabelo a espreitar por baixo do boné, o miúdo australiano entrou sem pedir licença nos aposentos da realeza do ténis e partiu a loiça toda.

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Em 2001, com 20 anos, bateu Pete Sampras na final do US Open: “o Pete serviu de ridiculamente bem até à final e lembro-me de me sentar aqui [na conferência de imprensa] e todos me dizerem ‘não vais conseguir vencê-lo, não vais conseguir quebrar-lhe o serviço’. Quebrei-o no primeiro jogo… […] Senti-me invencível, como se não fosse perder nenhuma bola”.

2. Os passings shots

Pancadas precisas, cobertura perfeita do court, exímio defensor, atitude feroz e os incríveis passing shots. Pancada com a qual consumou o seu primeiro Major [3:36].

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“Ele era aquele jogador que não falhava […] Podias atacá-lo mas ele ia fazer um passing shot. Ele conseguia fazer isso vezes e vezes sem conta. Era, simplesmente, fascinante de ver” [Roger Federer].

3. O fim do boné virado para trás

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Nick Kyrgios vai abanando o universo (politicamente correto) das raquetes com os seus arrojados comentários e atrevidos comportamentos mas esse papel de miúdo irreverente já foi desempenhado pelo agora pacato e velho australiano. De uma forma mais branda, diga-se. O boné virado para trás aliado à atitude insolente com que encarava os seus adversários, recusando-se a encolher-se perante os teóricos favoritos, permitiu-lhe dominar o circuito antes da era Federer.

4. C’mons to everyone

Guardar os festejos apenas para aqueles pontos com elevados níveis de espetacularidade e disputados em momentos decisivos do encontro? Not really! Com Hewitt, era quando bem lhe dava na real gana, que é mais ou menos o mesmo que dizer: sempre. E não era apenas a forma aguerrida como festejava os triunfos, era também a forma temperamental como contestava os erros. As queixas dos adversários acumulavam-se mas ele seguia alegre e contente.


“Não sou o tipo de pessoa que precisa de ler livros de motivação”


5. O romance com Kim Clijsters

Ela teve a lata de lhe pedir um autógrafo durante o Open da Austrália de 2000, ele o bom senso de lhe mostrar que toda aquela antipatia no court não era mais do que uma defesa. E pronto, o resto já nós sabemos. Kim e Lleyton tornaram-se, em pouco tempo, no casal maravilha do ténis e tinham intenções de dar o próximo passo, ficando noivos no Natal de 2003. O fim da relação chegou poucos meses depois mas continua a ser uma das histórias bonitas do ténis.

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“Gosto ver a Kim jogar mas seria incapaz de ver qualquer outro encontro feminino” [Hewitt]

“As pessoas não compreendem o seu comportamento no court, que é de quem adora a competição” [Clijsters]

6. Aquele recorde que nos relembra de que ele foi mesmo bom

Ele vai, mas os recordes ficam. E há um de peso que injustamente passa despercebido a muitos de nós. A saber: Hewitt foi o jogador mais novo de sempre a sentar-se no trono do ranking mundial. Aos 20 anos e oito meses destronou o recorde de Marat Safin, que alcançou o primeiro lugar da classificação com 20 anos e nove meses. O atual 166.º mundial venceu o seu primeiro título ATP com 16 anos e dez meses(!).

7. A despedida de não um, mas de dois Hewitt

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Deixarmos de ter Lleyton Hewitt a entrar-nos pelo campo de visão é mau, não ter Cruz Hewitt a seguir-lhe religiosamente os passos com uma raquete (com a qual mal pode) na mão é mau a dobrar.

8. Mal ou bem, todos falam sobre si

Pete SamprasO Lleyton é incrível, tão rápido… Aquelas pernas, como eu gostaria de ter aquelas pernas.

Alex CorretjaNão respeita ninguém, chega a parecer provocador, irritante puto reguila.

Andre AgassiPara mim, não é uma questão de idade mas de ténis. Quando jogo com alguém não me preocupo com a sua idade, a menos que tenha de pedir cerveja por ele

Roger FedererPenso que ele mudou as coisas por aqui e mostrou-me como fazer. Ele fez-me treinar mais afincadamente, ficar mais ativo no court, jogar de forma aguerrida mas justa. Ele terminou a sorrir, pelo que vi, estou contente por ele.

Foi um grande desafio na minha carreira. O facto de ser tão forte física e mentalmente com aquela idade foi, para mim, algo impossível de perceber.

Guilermo CoriaO Lleyton festeja os erros dos adversários e é muito agressivo. É muito difícil não te sentires provocado. Preferia não ganhar um único torneio do que ser como ele. 

9. Acaba-se o fazer de conta

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Ficarmos sem Hewitt no circuito é termos mais uma razão para nos lembrarmos que, SIM, estamos a ficar velhos e que, NÃO, a mais cintilante e competitiva era do ténis não vai durar para sempre. Primeiro Roddick, agora Hewitt, segue-se Federer (estava a assobiar para o lado, não estava?), depois Nadal e Djokovic (ou vice-versa).

10. Longe da vista, longe dos ouvidos

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Vamos deixar de ter Hewitt no court, no quadro principal dos torneios, na ordem de encontros, na ordem de treinos, nos cartazes de promoção dos eventos e… nas conferências de imprensa. As boas notícias? Há sempre forma de relembrarmos o que ele foi dizendo carreira fora.

Quando era miúdo e vivia em Adelaide eu sonhava em tornar-me número um, em vencer um Grand Slam e a Taça Davis pela Austrália.

Eu gostava do Pat Cash, mas eu adorava o Mats Wilander. Ia ao Open da Austrália com os meus pais e costumava ver o Wilander a ser apoiado pelos fãs suecos e com o seu estilo parecido com o meu, eu fazia algumas comparações.

Os encontros ganham-se e perdem-se, muitas vezes, nos balneários.

Quando vou para o court continuo a acreditar que sou tão bom como qualquer outro. Não tenho de provar nada a ninguém, sei o que fiz e o que ainda posso fazer.

O meu personagem no jogos de vídeo é mais bem parecido do que eu, na verdade. Ele não tem de preocupar com o facto de ficar despenteado.

Muito trabalho duro, dedicação e sacrifícios, mas o ténis deu-me esta vida maravilhosa. É o melhor de tudo.

O Nadal foi o maior lutador com quem joguei em toda a minha carreira. A forma como ele o faz é fantástica. É um dos jogadores que mais gosto de ver jogar.

Vou sentir a falta de jogar com Roger apenas pelo bom jogador que é, por tudo o que ele consegue fazer dentro do court, é incomparável.

Quem não vai ter saudades de Lleyton Hewitt?

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